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Mais açudes no Tejo podem constituir ameaça à biodiversidade

Associação ambientalista Zero defende que a construção de açudes ao longo do rio, como prevê o Projecto Tejo, vai colocar em causa a integridade do já muito frágil ecossistema ribeirinho.

A associação ambientalista Zero considera que a ameaça mais preocupante à biodiversidade da região é a possível execução do Projecto Tejo, que pretende obter investimento público para a construção de novos açudes ao longo do rio Tejo visando um melhor aproveitamento da água. “Essa situação vai colocar em causa a integridade do já muito degradado ecossistema ribeirinho promovendo a extinção local das populações de peixes migradores, como a lampreia-marinha, o sável e a savelha. Além disso, a intensificação resultante dos 260 mil hectares a irrigar vai pressionar ainda mais a biodiversidade”, afirma o presidente da Zero, Francisco Ferreira.
No Ribatejo existem cada vez mais culturas intensivas de olivais, amendoais, nogueirais, entre outros. Segundo a Zero, as novas culturas permanentes de regadio não são intrinsecamente prejudiciais ao ambiente. Os efeitos nocivos que se observam devem-se a opções erradas na instalação dessas culturas e de más práticas agrícolas que proliferam.
Francisco Ferreira explica que os efeitos negativos no ambiente devem-se à descaracterização, artificialização ou eliminação de linhas de águas, suas margens e galerias ripícolas, como resultado das operações de drenagem e outras preparações dos terrenos para instalação dessas culturas. O ambientalista fala também no desrespeito pelas figuras de ordenamento do território que disciplinam o uso e ocupação dos solos mas também pelas áreas de REN (Rede Ecológica Nacional).
“Isto tem resultado na destruição de sistemas agrícolas de alto valor natural, como é o caso dos montados, mas também a destruição de habitats protegidos, a intensificação de zonas protegidas e a perda de funcionalidade de áreas importantes para o equilíbrio dos ecossistemas”, sublinha Francisco Ferreira. O ambientalista refere ainda a O MIRANTE que a homogeneização da paisagem, com centenas de hectares contínuos explorados em regimes monoculturais, leva à perda de biodiversidade e aumento do risco dos surgimento e proliferação de inimigos culturais.
Também o emprego de más práticas agrícolas em vastas zonas do território, com a criação de situações de risco de erosão, degradação dos solos, a não adaptação das culturas à tipologia das parcelas e tipo de solo e o uso sistemático de pesticidas são outros exemplos de más práticas que prejudicam o meio ambiente.
O aumento da área ocupada por culturas de regadio deve-se sobretudo ao grande investimento feito pelo Estado em regadios públicos colectivos, que estabelecem novas áreas com acesso a água para rega. “A opção por culturas arbóreas como o olival, amendoal e outras, prende-se muito ao fenómeno de financeirização do sector agrícola, pois estas culturas podem ser industrializadas, ou seja, usadas em sistemas com um alto nível de automatização e com potencial de exportação tornando-se atractivas para o investimento”, explica Francisco Ferreira.
O presidente da Zero defende que para melhorar a biodiversidade e o meio ambiente devem ser usadas as melhoras práticas agrícolas. Dá o exemplo da adaptação das culturas às características dos terrenos, a protecção do solo e da água, o garante da agrobiodiversidade e o respeito por áreas não cultivadas de dimensão e configuração adequadas que providenciem serviços de ecossistemas equilibrados.

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