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Académicos, investigadores e biólogos contra turismo em mouchão

Carta aberta fala em atropelos ambientais que envergonham o Ministério do Ambiente e apela à indignação colectiva contra o projecto, do qual se fala há mais de uma década e que parece ter ganho nova dinâmica com os empresários que adquiriram a ilha em 2018.

A avançarem os planos anunciados no último mês de transformar o mouchão do Lombo do Tejo, perto de Alverca, num resort de agroturismo de luxo, abre-se um precedente para todo o estuário do Tejo, situação que é um erro e que levará ao descalabro do sistema nacional de áreas protegidas. A opinião é de um conjunto de investigadores, professores, biólogos e políticos que assinaram uma carta aberta na última semana em defesa do estuário do Tejo e onde se manifestam contra o projecto previsto para o concelho de Vila Franca de Xira.
As diferentes personalidades consideram que o dinheiro e os negócios não devem prevalecer sobre os valores fundamentais da vida e que o estuário do Tejo no concelho de Vila Franca de Xira é uma zona sensível e ecologicamente única no país. “É por isso que nós, que dedicámos as nossas vidas à defesa da conservação da natureza como pilar do ambiente, nos indignamos e apelamos a um sobressalto cívico que possa travar estes atropelos ambientais”, escrevem.
Entre os onze subscritores estão personalidades como António Eloy, investigador e coordenador do Observatório Ibérico de Energia; António Dias, ex-director das Reservas Naturais do Estuário do Tejo e Sado; Luís Coimbra, ex-presidente da NAV Portugal; Carlos Pimenta, ex-secretário de Estado do Ambiente; e Robert Moura, ex-director do Parque Nacional do Alvão.
O mouchão do Lombo do Tejo foi notícia em Março depois de ter sido anunciado um novo projecto de agroturismo de luxo para o local, saudado pela Câmara de Vila Franca de Xira e actualmente em análise pela Agência Portuguesa do Ambiente e já submetido à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo. Apesar destas novas movimentações, a verdade é que projectos deste tipo para aquela ilhota do Tejo já foram falados por diversas vezes no passado e nunca avançaram.
A ilha esteve à venda e foi comprada parcialmente em 2018 por Sidik Latif, empresário português da hotelaria que vive entre Portugal e Londres. Vendeu dois hotéis no Brasil para ficar com 74 por cento do mouchão que conta com outros dois sócios para o desenvolvimento do projecto. A propriedade, de 900 hectares, foi adquirida por 24 milhões de euros.
Numa primeira fase, segundo noticia o semanário Expresso, o projecto prevê um investimento de 35 milhões de euros, combinando turismo de natureza com produção agrícola. A gestão do empreendimento e o seu desenvolvimento terão já recebido o interesse do Six Senses, um grupo tailandês de hotelaria de luxo recentemente comprado por um outro grupo chamado InterContinental Hotels Group.
Segundo explicou o empresário, o projecto será financiado em parte com capitais próprios e com vários fundos de investimento, incluindo o fundo soberano do Dubai, um fundo inglês e um grupo de investidores brasileiros. O MIRANTE tentou contactar o empresário mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Mouchões com muita procura

O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), já havia confirmado na última reunião pública do executivo que ao longo dos anos têm dado entrada nos serviços da autarquia diversos pedidos de licenciamento de actividades nos mouchões, mas que precisam de ser analisadas de forma equilibrada para compatibilizar turismo e agricultura, mostrando-se também favorável ao desenvolvimento do projecto.

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