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Centro de Torres Novas cheio de obras e vazio de gente
Otília Gabado e Carlos Ferreira moram no centro histórico de Torres Novas

Centro de Torres Novas cheio de obras e vazio de gente

Fernando e Delfina Pereira param junto à ponte sobre o rio Almonda a observar o andamento das obras na antiga central eléctrica do Caldeirão. Gostam do que vêem, mas estão apreensivos porque a grande tarambola, que antigamente transportava água do rio para terras mais elevadas, continua sem funcionar. “É bom que não se esqueçam dela”, adverte o casal de septuagenários que sempre viveu em Torres Novas, mas afastado do centro.
O fervilhar das obras que decorrem no centro histórico da cidade contrasta com a calmaria nas suas principais artérias e praças. Há mobiliário urbano novo e é num dos bancos de cimento, que polvilham a Rua Alexandre Herculano, que Otília Gabado e Carlos Ferreira estão sentados a descansar do passeio que diariamente fazem ao final da tarde para desentorpecer as pernas.
Ela com 79 anos e ele com 81 são moradores do centro histórico e notam que vão chegando alguns jovens para o habitar. Se por um lado trazem nova vida, por outro trazem novas formas de ser e agir, muito diferentes das que o casal se habituou. “Já não conhecemos ninguém, ninguém diz bom dia ou boa tarde”, lamentam.
Gostam de passar pelo Café Portugal porque conhecem os donos desde os tempos de meninice quando ainda se brincava na Praça 5 de Outubro. O último censos, referente a 2011, apontava 801 moradores no centro histórico de Torres Novas. Um quarto deles com mais de 65 anos. De acordo com o mesmo existiam 302 alojamentos vagos, mais 119 que na década anterior.
“O negócio vai mal, mas o pouco que se faz é melhor que nada”, diz Fátima Borralho, dona da sapataria com o seu nome. A única comparação possível com os tempos pré-pandemia é a falta de estacionamento. Um mal crónico para o qual Carlos Margarido, proprietário do Café Portugal, atira como solução a manutenção do estacionamento gratuito no Parque Almonda depois das obras que estão a transformar essa zona ribeirinha.
Para Carlos Margarido, as dificuldades são outras e passam pelo que considera um abandono da associação de comerciantes. “Devia haver um condomínio organizado para que todos contribuíssem para garantir a animação nas ruas”, defende. Outra solução que aponta para rivalizar com o dinamismo dos centros comerciais seria apostar na cobertura de ruas como a Alexandre Herculano.

Reabilitação está na ordem do dia

A 28 de Março, Dia Nacional dos Centros Históricos, o Gabinete Único de Reabilitação Urbana de Torres Novas assinala quatro anos de existência. Foi criado para responder às dúvidas de quem quer recuperar um edifício antigo inserido na Área de Reabilitação Urbana (ARU) do centro histórico. Além das obras particulares, o município tem também procedido à reconstrução de edifícios destinados a habitação com rendas acessíveis, contrariando a opção, num passado recente, de demolir e construir de raiz em vez de restaurar, que descaracterizou parte do centro da cidade.

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