uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
O coração da velha Scalabis suspira por sangue novo 
Lázaro Menino junto à Igreja de São Nicolau, a poucos metros da casa onde moraLázaro Menino junto à Igreja de São Nicolau, a poucos metros da casa onde mora

O coração da velha Scalabis suspira por sangue novo 


O centro histórico de Santarém tem sido motivo de muitos debates, propostas e ideias ao longo das últimas décadas mas as tentativas de ressuscitar o coração da milenar Scalabis têm batido sempre contra a dura realidade: são cada vez menos, e mais velhos, os moradores da zona antiga da cidade; vários serviços e colectividades foram-se dali para não mais voltarem; e o comércio que existe vai subsistindo com o credo na boca.
Lázaro Menino, 21 anos, sempre viveu no centro histórico de Santarém, onde a família tem um restaurante. Este jovem músico e estudante de produção e criação musical diz que a maior parte dos jovens da sua idade não se sente atraída pelo centro histórico. Há poucas actividades para os seus gostos, há poucos bares e espaços nocturnos cativantes, falta música ao vivo e outras actividades para as novas gerações. O trabalho também não abunda e são cada vez mais as lojas a fechar. “É tudo muito pacato, mas também é bom para descomprimir”, responde, quando lhe perguntamos se gosta de viver no centro histórico.
Santarém tem um dos centros históricos do país com mais monumentos nacionais por metro quadrado, que lhe valeram o título de Capital do Gótico. Essa característica inspirou mesmo uma candidatura a património mundial da Humanidade que morreu na praia, há duas décadas, depois de muito trabalho, tempo e dinheiro investidos.
Da iniciativa do município, então liderado por José Miguel Noras (PS), ficou a reabilitação de vários monumentos, como a Igreja da Graça ou a Torre das Cabaças, e também de vários espaços públicos, mas os sintomas de declínio persistiram: as dificuldades do pequeno comércio permanecem, com o regular abrir e fechar de lojas contrabalançado por negócios já consolidados ou com projectos mais recentes, que já se vão tornando âncoras na atracção de gente.
Nos últimos anos abriram restaurantes, espaços de alojamento, barbearias, esteticistas e lojas de roupa, por exemplo. O presidente da câmara, Ricardo Gonçalves (PSD), tem falado com entusiasmo da aposta na revitalização do centro histórico e de diversos investimentos privados previstos, nomeadamente na área do alojamento e restauração, a par com a reabilitação de imóveis para habitação. E as obras estão à vista um pouco por todo o lado, tal como são visíveis muitos edifícios em mau estado ou mesmo em ruínas, de que é exemplo o Teatro Rosa Damasceno.
O município também tem actualmente em curso ou preparadas para começar diversas obras – mercado municipal, Largo Ramiro Nobre, Largo da Alcáçova e Avenida 5 de Outubro, Igreja do Alporão, Avenida António dos Santos e artérias adjacentes -, financiadas pela União Europeia.
É mais uma aposta nessa zona da cidade que não cativa os mais jovens. O estacionamento perto de casa não abunda; muitas habitações não reúnem as condições que os casais hoje procuram; à noite a zona transforma-se num deserto, em muitas zonas mal iluminado; e algumas calçadas são autênticas armadilhas, como aponta Lázaro.

O coração da velha Scalabis suspira por sangue novo 

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido