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Uma equipa que espalha esperança nas casas dos idosos da Golegã
Projecto da Santa Casa da Misericórdia substitui centro de convívio e academia sénior durante a pandemia.
Quem circulou pelas ruas da Golegã na sexta-feira, 26 de Março, pode ter estranhado ver a figura de Carlos Relvas, conhecido fotógrafo da vila, que viveu no início do século XX, e duas senhoras vestidas à moda do início do século passado. O professor de teatro da Academia Sénior da Santa Casa da Misericórdia da Golegã, Carlos Petisca, e as animadoras socio-culturais, Rita Condeço e Liliana Gabriel, encarnaram estas personagens para celebrar o Dia Mundial do Teatro e dar corpo ao projecto “Espalhar Esperança”.
À porta de casa Maria Adelaide Santana, 80 anos, utente da Academia Sénior, recorda que aos 18 anos participou num teatro na Casa do Povo da Azinhaga, concelho da Golegã. O marido, Manuel Martins, 83 anos, pega naquela memória e completa-a. Na altura, para assistir à actuação da então namorada gastou 20 escudos para garantir um lugar na primeira fila. “Fiquei sem dinheiro mas ganhei um amor”, recorda entre risos e com ternura. No final de cada visita a equipa segue na carrinha da Misericórdia para mais uma visita.
O projecto “Espalhar Esperança”, da Santa Casa da Misericórdia da Golegã, liderado por Fernanda Oliveira, leva a casa dos idosos que integram a Academia Sénior e Centro de Convívio actividades, livros, exercícios de estimulação cognitiva, bordados, artesanato, entre outros. Esta iniciativa foi criada há cerca de um ano durante o primeiro confinamento para evitar que as pessoas se sentissem sozinhas. Os elementos do projecto vão duas vezes por semana a casa de todos e nos dias especiais levam surpresas. “É uma forma de amenizar a solidão”, explica Fernanda Oliveira, coordenadora técnica da Misericórdia da Golegã.
Isabel Domingos, 82 anos, recebe a equipa a cantar um fado. A animação na rua chamou a atenção do marido, que estava dentro de casa, e de alguns vizinhos que apreciaram o espectáculo. Maria Rosa Rocha, 73 anos, abre o portão de sua casa depois ter ouvido a campainha e junta-se a ela a irmã Deolinda Rocha, 70 anos, que vive na mesma casa. A alegria é grande por terem visitas. “Esta iniciativa é muito boa porque estarmos fechadas em casa é complicado. Este é um bocadinho em que nos distraímos e conversamos. Anima o nosso dia”, afirma Deolinda Rocha.
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