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Adegas de Aveiras de Cima com o futuro ameaçado pelo desinteresse dos jovens
José Mata tem pena que o filho não queira dar continuidade ao negócio de produção de vinho. José Capão, produtor de Aveiras de Cimas, faz vinho desde os 18 anos

Adegas de Aveiras de Cima com o futuro ameaçado pelo desinteresse dos jovens

Todos os anos a freguesia de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, faz uma festa para que os produtores locais abram as suas adegas tradicionais e mostrem os seus néctares. Mas a Ávinho está em risco porque os mais novos não estão a dar continuidade ao negócio e as adegas, que são uma marca na terra, vão acabando.

José Mata, produtor de Aveiras de Cima, tem pena que o filho não queira dar continuidade ao negócio, tal como os restantes jovens da região. Por isso prevê que muitas pequenas adegas vão desaparecer, o que pode no futuro comprometer a festa Ávinho, que se realiza todos os anos na localidade do concelho de Azambuja. Há muito que os mais velhos na actividade, com muitas décadas dedicadas à viticultura, sabem que as gerações mais novas fogem do negócio pelo trabalho que dá tratar das vinhas e fazer o vinho, um desinteresse que, realça José Capão, não está só numa vida que não é fácil mas também na necessidade de se fazerem investimentos para se obter um lucro baixo.


Entre os investimentos necessários estão as máquinas e as formações relacionadas com a segurança alimentar. José Mata, 67 anos, lamenta que todos os anos se percam vitivinicultores no concelho de Azambuja, ou porque não querem investir ou porque simplesmente ficam velhos e não há ninguém para dar continuidade ao negócio. José Capão faz vinho desde os 18 anos. Aprendeu com o pai e seguiu-lhe as pisadas, mas os seus dois filhos fogem da adega como o Diabo da cruz. Dá-lhe pena ver esta actividade definhar a cada ano que passa.


“A vitivinicultura é um trabalho exigente ao nível físico e é normal que muitas pessoas não tenham interesse na área, acabando por procurar outras profissões”, acrescenta José Capão, de 63 anos, que começou a apostar na mecanização em 1995, embora ainda recorra à vindima manual. José Mata teve que se render à mecanização porque a idade já não está para grandes esforços físicos e a saúde já não é a mesma. “O processo de produzir um vinho é desgastante”, realça o produtor.


Os dois produtores vendem para todo o país e grande parte destes clientes foram conseguidos através da festa de Aveiras de Cima dedicada aos produtores tradicionais, que este ano se realizou de forma online devido à pandemia. O evento, dizem, é muito importante para dar a conhecer os vinhos do concelho, sobretudo aos visitantes mais jovens, porque rapidamente podem tornar-se novos clientes, e, quem sabe, demonstrar interesse na vitivinicultura. Aos mais novos apontam ainda outro desgosto: é que muitos vão à festa apenas para beberem e beberem… e acabam por não apreciar devidamente os néctares da terra.


José Mata conta que nos primeiros anos a Àvinho não tinha o reconhecimento que tem agora porque era conhecida como a festa dos bêbedos. “Nos primeiros anos as pessoas não conheciam o intuito da festa e não sabiam beber vinho. No fim, acabavam por fazer misturas que lhes faziam mal, recorda o produtor, que também faz parte da comissão organizadora da Ávinho.

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