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O azarado Gameiro e as palmas e palmadas aos médicos

Indefectível Manuel Serra d’Aire


O deputado socialista, advogado, consultor e durante uns dias candidato à Câmara de Ourém, António Gameiro, que ficou conhecido há uns anos por uma história que envolvia uma mala com dinheiro e viagens à Austrália, voltou a estar no radar das autoridades, agora por ter sido intermediário num negócio envolvendo um terreno no Algarve que levou à detenção da presidente da Câmara de Vila Real de Santo António.


É verdade que uma pessoa com a compleição física de António Gameiro dificilmente passa pelos intervalos da chuva e que o mundo dos negócios imobiliários e afins é muito pantanoso e dado a suspeitas, mas é preciso ter muito azar para ser relacionado com negócios suspeitos precisamente num dia 13 (de Abril) e apenas um dia depois de Gameiro anunciar ao mundo que era o candidato do PS à Câmara de Ourém. Coisa que poucos dias depois deixou de ser.


Não sei o que se passa com o PS de Ourém, mas parece-me que há ali uma espécie de incompatibilidade crónica entre política e negócios. Há quatro anos, o então presidente da câmara Paulo Fonseca, foi impedido de se recandidatar por se encontrar em situação de insolvência pessoal, devido aos negócios da sua vida privada. Agora, Gameiro sai também de cena devido a negócios privados. Acho que é tempo dos socialistas de Ourém irem à bruxa ou acenderem umas velinhas e rezar uns terços na Cova de Iria para afastar o mau-olhado; e também aquela gente que quer o melhor dos dois mundos - as mordomias e o poder da política e os cifrões dos negócios – e depois se espalha ao comprido.


Não é só o deputado António Gameiro que anda em maré de azar, o erário público também. No Entroncamento, um jardim-de-infância que custou há uns anos uma pipa de massa ao município, mais propriamente qualquer coisa como um milhão de euros, vai ser demolido por causa das “fragilidades técnicas do projecto e da fraca qualidade da construção”. Espero que a moda não pegue de estaca, porque se esses critérios forem para manter, metade do país vai ser arrasado e transformado num gigantesco monte de entulho.


Há um ano, os portugueses não poupavam mimos aos profissionais de saúde e iam para as varandas bater palmas a médicos, enfermeiros e outros trabalhadores que estavam na linha da frente do combate à pandemia. Mas, como habitualmente nas paixões assolapadas, foi sol de pouca dura, pelo menos ali para as bandas de Vila Franca de Xira; ao ponto dos profissionais do centro de saúde da cidade terem emitido um comunicado a denunciarem ameaças e agressões e a apelarem aos utentes para serem civilizados. Ou seja, acabaram-se as palmas e recomeçaram as palmadas. E contra essa doença crónica não há vacina que nos valha...

Saudações do Serafim das Neves

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