Estado vai gerir Hospital de VFX e autarcas estão apreensivos
Presidentes dos cinco municípios servidos pelo hospital esperam que a qualidade do serviço não piore com a saída da José de Mello Saúde da gestão da unidade de saúde, em Junho. Gestão será liderada por Carlos Andrade Costa, até aqui administrador do Centro Hospitalar do Médio Tejo.
O Hospital Vila Franca de Xira, que foi gerido na última década pelo grupo José de Mello Saúde (JMS) em regime de parceria público-privada e que fez daquela unidade uma das mais eficientes do país, volta a 1 de Junho para as mãos do Estado. Ao que O MIRANTE apurou, Carlos Andrade Costa, até aqui presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, é o nome escolhido pelo Ministério da Saúde para ser o novo administrador do hospital vilafranquense. Falta ainda escolher os responsáveis para as diferentes áreas clínicas como o director clínico e a enfermeira chefe, por exemplo.
A transição da unidade de saúde da gestão privada para a gestão pública está a motivar alguma apreensão entre os autarcas da zona. O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), à semelhança dos outros quatro presidentes dos municípios servidos pelo hospital que emitiram uma posição conjunta, diz esperar que esta mudança não venha a deteriorar a qualidade do serviço prestado aos utentes que, até agora, era considerado pela entidade reguladora da saúde como um dos melhores do país.
Os autarcas têm manifestado a sua preocupação com a necessidade de manter os níveis de produtividade e de qualidade do hospital que actualmente serve 250 mil habitantes de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira. “Esta transição é uma preocupação grande porque não temos ainda a certeza que o nível de qualidade que era prestado pela JMS se vá manter”, afirmou Alberto Mesquita numa das últimas reuniões de câmara.
Ao que O MIRANTE também conseguiu apurar, nesta fase o quadro de 1.500 profissionais de saúde do hospital deverá manter-se passando os profissionais a ter vínculos contratuais com o Estado semelhantes às condições actuais.
Privado avisa que a eficiência vai diminuir
A comissão executiva do hospital, pela voz de João Ferreira, disse na última semana que dificilmente a gestão do Estado terá capacidade para manter os actuais níveis de eficiência. “Tomando em consideração os constrangimentos gerais associados à gestão pública e aos mecanismos públicos de compras e de contratação de recursos humanos, infelizmente não nos parece possível que o HVFX possa manter os mesmos níveis de eficiência que tem hoje em dia”, alertou em declarações ao jornal Público.
A José de Mello Saúde começou a gerir o Hospital Vila Franca de Xira em 2011, quando aquela unidade ainda funcionava nas instalações da Misericórdia de Vila Franca. Dois anos depois o novo edifício abriu portas e hoje é insuficiente para as necessidades sobretudo em camas de internamento. Tem 330 mas ciclicamente há necessidade de transferir doentes para outras unidades de Lisboa por falta de espaço. Uma auditoria do Tribunal de Contas realizada em 2019, recorde-se, concluiu que a PPP de Vila Franca de Xira, cujo período de concessão se esgota agora, permitiu ao Estado poupar 30 milhões de euros entre 2013 e 2017.
Quem é o novo administrador
Carlos Andrade Costa é licenciado em Direito e tem um longo currículo na gestão hospitalar. Iniciou a sua actividade no Instituto Português de Oncologia de Lisboa e chegou a administrador delegado do Hospital Central José de Almeida, Hospital Ortopédico de Sant’Ana e do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão. Foi membro do conselho de administração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e esteve ligado aos hospitais das Forças Armadas. Desde Julho de 2014 que preside ao conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo.