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Inês Louro diz que percurso no PS de Azambuja não foi um mar de rosas 
Inês Louro continua à frente da Junta de Azambuja

Inês Louro diz que percurso no PS de Azambuja não foi um mar de rosas 

A presidente da Junta de Freguesia de Azambuja não está arrependida de ter rompido com o PS e nega que em causa tenha estado a disputa por um cargo. Fala do convite feito pelo Chega para ser candidata à câmara, que não sabe se aceita, mas admite que há propostas com as quais concorda.

Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia de Azambuja pelo PS há dois mandatos, desvinculou-se do partido, numa decisão “reflectida, consciente e sem arrependimentos”, por não se rever na postura dos socialistas em relação à aprovação de interesse público municipal para a instalação de centrais fotovoltaicas que “vão hipotecar o concelho a 30 anos”.


“Não é para cumprir quotas de objectivos do Governo que o concelho de Azambuja serve. Lutarei contra esses projectos [das fotovoltaicas], mas não dentro de uma estrutura partidária onde a minha visão não é consonante”, diz, sublinhando que “nenhum técnico da câmara disse bem destes projectos” e que além de não trazerem emprego podem vir a prejudicar a saúde pública, agricultura e a tão aguardada estrada alternativa à Nacional 3 e ligação de Azambuja à A1.


Nesta primeira conversa desde que rompeu com o partido, a ex-líder das mulheres socialistas foge a questões sobre rumores de conflitos internos, com o presidente do município, Luís de Sousa, mas ressalva que os 31 anos de militância “não foram um mar de rosas” e que ninguém bate com a porta a bem. Nega, no entanto, que o tenha feito por causa da disputa pelo lugar de cabeça-de-lista à assembleia municipal com Luís de Sousa, lembrando que há meses anunciou que seria, pela terceira vez, candidata pelo PS à Junta de Azambuja. Por causa desse anúncio diz que tem que “pedir desculpa aos que criaram essa convicção” temendo ter “desiludido os fregueses”.


Quanto às afirmações da deputada e ex-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, que disse que a sua saída do PS não foi nenhuma surpresa, Inês Louro atira que discordar de decisões do executivo camarário, de maioria socialista, não é o mesmo que estar contra o partido.


“Apesar de dever ao PS a minha eleição, o meu juramento foi para com a freguesia de Azambuja e para com os seus eleitores”, afirma, acrescentando que “se ter sentido crítico é ter um conflito para essa senhora”, então é conflituosa desde que entrou para a Juventude Socialista, aos 16 anos.

Chega viu na ruptura uma janela de oportunidade

O Chega, partido de extrema-direita liderado por André Ventura, viu na saída de Inês Louro do PS uma janela de oportunidade para concorrer à câmara municipal num concelho que lhe deu o segundo lugar nas eleições presidenciais. A autarca confirma que “houve uma tentativa de aproximação para um projecto autárquico”, mas ressalva que a decisão não está tomada. Caso venha a aceitar, diz que “em boa consciência o fará, sabendo que não muda a sua essência” e que continuará a ser “uma mulher de coragem, de causas e que gosta de desafios”.


Questionada sobre com que ideias ou propostas defendidas pelo Chega a autarca concorda, responde prontamente que também ela é pela “defesa do mundo rural e se há partido que tem levantado a voz” nesse sentido é o de André Ventura.


Recorde-se que, durante a campanha às presidenciais, Inês Louro retirou publicamente o seu apoio à candidata Ana Gomes – militante do PS apoiada por muitos socialistas - por esta não ser a favor da tauromaquia.

Silvino Lúcio tentou travar saída da autarca

O presidente da concelhia do PS de Azambuja e candidato à presidência do município, Silvino Lúcio, diz que tem “pena” e tentou “de tudo” para que a saída de Inês Louro não se concretizasse. Em declarações a O MIRANTE, refere que ficou uma “ferida” aberta no partido, mas que como qualquer outra vai sarar.
Inês Louro remete-se ao silêncio, dizendo apenas que “só haveria uma pessoa que já cá não está” - o ex-presidente do município recentemente falecido, Joaquim António Ramos - que a teria feito voltar atrás na decisão. “Pelo respeito e admiração que lhe tenho”, justifica.

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