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As cobras são muito úteis para os ecossistemas

O meu nome é Bruno Malheiro e contacto-vos por parte do projecto “Cobras de Portugal” relativamente a um artigo que diz respeito a uma mordedura por víbora-cornuda em Constância, publicado por vós no dia 21/04.

O projecto é constituído por uma equipa de biólogos e o seu objectivo é sensibilizar a população portuguesa para a importância das serpentes no bom funcionamento dos ecossistemas proporcionando um ambiente educativo e propício à troca de opiniões, debate de ideias, educação científica e desmistificação de mitos e lendas populares prejudiciais à sua conservação (...).

Tal como o comandante Marco Gomes referiu, embora sejam venenosas, nenhuma das nossas espécies de víboras apresentam um veneno extremamente tóxico. Certos grupos da população têm, no entanto, um risco acrescido (crianças, idosos, pessoas imunocomprometidas, etc...) e ainda existe a hipótese de reacção alérgica ao veneno (à semelhança do que acontece com picadas de abelhas, vespas, outros insectos ou flora venenosa). Tal como também foi referido, as víboras apenas atacam humanos em medida de defesa e apenas quando se sentem encurraladas sem opção de fuga. Comparativamente com outras cobras, as víboras são animais mais pacatos e de difícil observação.

Acabo por elogiar a maneira como lidaram com a notícia, destacando o contexto de acidente e não de culpabilização do animal. É muito importante que mordeduras por parte destes animais sejam bem tratadas, claro, mas a conservação destas espécies também o é. Assim como o comandante mencionou, estas e outras cobras são animais muito úteis para controlar as populações de roedores que são pragas agrícolas ou carregam parasitas e outras patologias que afectam animais de estimação, criação ou mesmo humanos. A presença de cobras é sempre sinal de um habitat saudável, com populações de roedores saudáveis e uma boa fluidez ecológica.

Bruno Malheiro - Voluntário do projecto Cobras de Portugal

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