Chega a Primavera a natureza renova-se e a paisagem veste-se de verde. Na actualidade, contudo, a paisagem, em muitos locais, fica, vergonhosamente, castanha devido à aplicação de herbicidas. E se até há relativamente pouco tempo era somente em campos agrícolas, agora até as valetas e bermas de estrada adquirem esta tonalidade, pelo menos no concelho de Ourém, onde resido. Aqui, a câmara municipal delegou nas juntas de freguesia e numa empresa privada essa manutenção e, desde aí, o serviço passou a ser, maioritariamente, realizado com recurso a herbicidas em lugar de ser efectuado através da monda mecânica ou térmica.

Compreende-se a necessidade de conter a vegetação das vias públicas, mas tal não deve ser feito com recurso a biocidas. Com efeito, inúmeros estudos, embora ainda não conclusivos, têm apontado para os potenciais efeitos cancerígenos no ser humano, tendo até, nos Estados Unidos da América, uma das maiores empresas produtoras destes químicos sido condenada a pagar uma elevada indemnização a um jardineiro por este ter contraído cancro pelo facto de, nas suas funções, ter contactado com herbicidas. Mandaria então o princípio da precaução que a aplicação destes químicos biocidas não fosse realizada, a bem da saúde pública e da preservação ambiental.

Como não quero abusar nos caracteres, termino perguntando aos senhores autarcas se não se preocupam, já não digo com o ambiente, mas com a saúde dos seus concidadãos?

Paulo Henrique Santos Fonseca