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Vítima de violência doméstica começa do zero com a ajuda da população de Salvaterra
População entregou casa a jovem, de 28 anos, no dia da Liberdade e do seu aniversário

Vítima de violência doméstica começa do zero com a ajuda da população de Salvaterra

Durante um ano sofreu ameaças, insultos e agressões até que deixou em segredo a casa onde morava com o ex-companheiro. No Dia da Liberdade a população de Salvaterra de Magos deu-lhe um novo lar para poder refazer a vida com os filhos.

Na rua em frente à casa que passou a ser amarela e a ter canteiros floridos à entrada o ambiente é de festa. Não por se comemorar o feriado de 25 de Abril mas por ser o dia em que a jovem mãe, que durante um ano sofreu ameaças e agressões às mãos do ex-companheiro, vai ter um lar para começar do zero. Mas esta não é uma casa qualquer. Foi reconstruída ao longo de dois meses pela onda solidária em Salvaterra de Magos que demos a conhecer na primeira parte desta história publicada na edição de 8 de Abril de O MIRANTE.

Ângela Duarte, a mentora do projecto solidário, não podia estar mais orgulhosa com o resultado final. Foi ali que, com a ajuda do companheiro, Tiago Brás, passou os seus dias a assentar o chão, pintar paredes, montar móveis doados e decorar as prateleiras para que nada faltasse. Foram poucos a ajudar nessas tarefas mas, diz, foram mais de meia centena os que depois de lerem o seu apelo nas redes sociais doaram mobília, electrodomésticos, utensílios para a casa, roupas, brinquedos e material de construção.

A casa tem uma fita vermelha à porta e desperta curiosidade entre os vizinhos e alguns dos que contribuíram para o projecto. A sua nova inquilina, cujo nome não divulgamos para sua protecção, chega de olhos vendados e as lágrimas de alegria caem-lhe pelo rosto assim que são destapados. Está a ver o seu novo lar pela primeira vez. “Não tenho palavras. Nunca imaginei que pudesse ficar assim”, diz a jovem com o filho de dois anos ao colo e outro na barriga depois de cortar a fita e abrir a porta.

Saiu de casa
sem ter para onde ir

Enquanto visita as divisões não consegue parar de chorar e explica porquê. “Se não fosse a Ângela, e todos os que ajudaram, por esta altura, podia estar sem o meu filho ou a dormir na rua”. Recorde-se que a jovem saiu de casa sem nada planeado e sem que o agressor soubesse. Apresentou queixa à polícia, viveu provisoriamente numa pensão em Lisboa, arranjada pela Cruz Vermelha, e foi nos últimos dias contactada para depor no primeiro inquérito judicial. Foi depois de ter pedido ajuda nas redes sociais, porque não tinha para onde ir, que Ângela Duarte foi ao seu encontro para lhe estender a mão.

“Agora tem uma casa onde pode recomeçar e estamos muito orgulhosos por termos contribuído para este projecto”, diz Cristiana Bento que, juntamente com o marido, Élio Cruz, ajudaram a fazer melhorias na casa. “As paredes desfaziam-se todas assim que lhes tocávamos. Deu muito trabalho, mas valeu a pena”, reitera.

Cumprindo as medidas de segurança por causa da pandemia, todos entram à vez na casa que, de alguma forma, ajudaram a transformar. Nem a vizinha do lado, Conceição Mendes, consegue segurar a curiosidade. “Deixem-me passar que tenho que bisbilhotar tudo porque está muito bonito”, atira a mulher que doou as flores para os canteiros. O proprietário que arrendou a habitação por 200 euros também não faltou ao dia da entrega das chaves da casa que são uma nova luz de esperança na vida desta família.

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