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Pelourinhos como o de Alhandra nunca serviram para enforcar ninguém

Acabei de ler, com algum atraso, o vosso artigo de 10 de Março, intitulado “Antigo Pelourinho de Alhandra vai voltar ao centro da vila”.

Acabei de ler, com algum atraso, o vosso artigo de 10 de Março, intitulado “Antigo Pelourinho de Alhandra vai voltar ao centro da vila”. Fiquei muito contente com a perspectiva de, finalmente, estar planeada a recolocação deste importante elemento do património alhandrense, mas confesso ter ficado um bocadinho desapontada ao ler que: “Recorde-se, a colocação do pelourinho não é consensual entre a população e ainda há quem não veja com bons olhos a sua recolocação na praça, por ter sido local onde muita gente foi condenada à morte por enforcamento.”

É lamentável que, enquanto jornalistas, não tenham aproveitado a oportunidade para esclarecer os vossos leitores que os pelourinhos, todos os pelourinhos, são símbolos da antiga independência administrativa e judicial dos concelhos, que eram o local onde a câmara reunia a população para comunicar qualquer alteração legislativa, notícias pertinentes, bem como para anunciar o resultado dos julgamentos.

Sim, era um espaço onde se executavam algumas penas menores, mas nunca, nunca, nunca, serviram para enforcar ninguém. A pena de morte, em todo o reino de Portugal, era executada na forca, construída em lugar próprio - cada concelho tinha o seu, em Alverca ainda se sabe onde, porque o topónimo “alto da forca” foi mantido - alto e visível em toda a povoação, bem como da Estrada Real.

Lamento que não tenham aproveitado a ocasião para desmistificar um conceito que há muito está descartado, como se comprova pela bibliografia que existe sobre este assunto, como é exemplo a obra “O Pelourinho Português”, de António Amaro Rosa, que inclusive faz referência ao Pelourinho de Alhandra.

Gostava muito que quando voltassem a referir o Pelourinho de Alhandra, ou qualquer outro, aproveitassem para esclarecer os vossos leitores sobre a função dos mesmos e a sua importância simbólica tanto histórica como patrimonial.
Anabela Ferreira

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