uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Paulo Queimado esconde projecto de 850 mil euros
Gisela Matias (à direita) espera há meses que o presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado, lhe dê conhecimento do projecto milionário que terá levado a PJ ao município da Chamusca

Paulo Queimado esconde projecto de 850 mil euros

Presidente do município da Chamusca continua a não enviar para a oposição os documentos referentes a um projecto que envolve a construção do novo arquivo municipal nas casas compradas ao vereador socialista Manuel Romão, por 80 mil euros, e à família de José Salter Cid, por cerca de meio milhão.

O projecto de 850 mil euros para construção do novo arquivo histórico e municipal da Chamusca continua a estar na ordem do dia. Na última reunião de câmara, de 18 de Maio, Gisela Matias, vereadora da CDU, pediu a Paulo Queimado (PS), presidente da autarquia, que lhe enviasse “finalmente” o projecto depois de ter feito vários pedidos ao longo dos últimos meses. A autarca afirmou ainda que há cerca de três semanas a chefe de divisão do município, Evelina Mendes, disse-lhe que estava a terminar de compilar os documentos, no entanto, continua à espera do envio.

Paulo Queimado respondeu como quase sempre responde quando lhe é pedida documentação que pode comprometer o seu trabalho na gestão dos dinheiros municipais: “Pensava que já estavam na posse da vereadora, mas vou tratar disso pessoalmente”. O projecto em causa é o mesmo que terá levado sete inspectores da Polícia Judiciária (PJ) ao edifício da câmara municipal, no dia 5 de Maio.
Antes da intervenção de Gisela Matias a sessão camarária iniciou-se com um discurso do presidente, que durou cerca de vinte minutos, para justificar a presença da PJ no edifício dos Paços do Concelho. Segundo o autarca, as buscas foram incentivadas por notícias de O MIRANTE, de 2019, a dar conta da compra da casa do vereador socialista Manuel Romão, por 80 mil euros, e dos valores avultados da aquisição do edifício da antiga casa de família de José Salter Cid, comprada por cerca de meio milhão de euros. Paulo Queimado não desmentiu as informações, mas, de seguida, disse que “O MIRANTE é tendencioso e distorce as notícias” sobre o seu trabalho.

O autarca afirmou que os inspectores levaram da câmara cerca de três centenas de páginas em formato digital. Sobre a aquisição do edifício Salter Cid o presidente explicou que o município chegou a acordo, em 2013, com os herdeiros para a compra por cerca de 200 mil euros, uma vez que a câmara estava a pagar uma mensalidade de 2.500 euros, devido a um processo antigo entre a família e autarquia. O autarca afirmou ainda que, devido à falta de estacionamento no Largo 25 de Abril, o executivo optou por comprar o que faltava do terreno, investindo mais 263 mil euros, o que perfaz um total de cerca de 463 mil euros por toda a propriedade. Justificando que o edifício não era suficiente para receber todo o arquivo municipal, Paulo Queimado informou que o executivo decidiu comprar a casa ao vereador do seu partido, Manuel Romão. O prédio, antigo e devoluto, pertencia à família de Manuel Romão e é composto por três apartamentos e custou cerca de 80 mil euros. Recorde-se que o anúncio da compra do prédio ao vereador foi feito precisamente na reunião de câmara em que Manuel Romão participou pela primeira vez em regime de substituição do vereador Rui Ferreira, embora o vereador não tenha participado na decisão.

Paulo Queimado concluiu o seu discurso num tom elevado e nervoso opinando sobre a forma como O MIRANTE veícula as informações para os seus leitores. Embora não tenha desmentido nenhuma notícia o autarca acusou o jornal de “falta de ética, honestidade e de só servir para falar mal do concelho” alegando que os motivos se devem à falta de investimento em publicidade por parte do município. Ameaçou ainda recorrer à ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social).

Opinião

Os abusos de Paulo Queimado

Paulo Queimado não gosta de O MIRANTE e muito menos do escrutínio que os jornalistas fazem do seu trabalho e do executivo a que preside. Na última reunião de câmara excedeu-se em ofensas e acusou o jornalista presente na sessão de “escrever quando está embriagado”. Os mimos e as desconsiderações estiveram presentes nos 20 minutos de discurso onde informou ainda que disse aos inspectores que “é provavel que eles voltem a ter mais trabalho na Chamusca tendo em conta a forma como O MIRANTE distorce as notícias” e que O MIRANTE “só existe para escrever mal sobre a Chamusca porque a autarquia não investe em publicidade no jornal”. Curiosamente Paulo Queimado não esclareceu se é o excesso de whisky que o fez esquecer de dar à vereadora da oposição, Gisela Matias, os documentos que anda a prometer há meses ou se é simplesmente um problema de falta de memória.

Os abusos de Paulo Queimado relativamente ao jornalista que acompanha as reuniões de câmara há cerca de um ano, incluem ofensas e comentários durante a sessão como por exemplo: “a Chamusca tem novo jornaleiro”. A atitude do autarca chega a ser de provocação, dirigindo-se directamente ao jornalista em plena sessão, embora até hoje nunca tenha recebido qualquer resposta.
Bernardo Emídio.

Paulo Queimado esconde projecto de 850 mil euros

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido