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Trabalhadores do Minipreço fazem  greve contra a politica de salários baixos
Trabalhadores de Vialonga juntaram-se à porta da empresa reivindicando aumento de salários e revisão da carreira

Trabalhadores do Minipreço fazem  greve contra a politica de salários baixos

Sindicatos acusam empresa que tem armazéns em Vialonga e Torres Novas de realizar pressão sobre os trabalhadores e de impor quotas de produção “criminosas”. Há quem embale mais de 1.800 caixas por mês e leve para casa 700 euros. Greve teve adesão superior a 90 por cento em Vialonga, onde trabalham 400 pessoas.

Explorados, cansados e sobretudo mal pagos. É desta forma que muitos trabalhadores dos armazéns da Dia Supermercados, dona da cadeia retalhista Minipreço, dizem sentir-se trabalhando nos armazéns de Vialonga e Torres Novas e por isso realizaram uma greve de dois dias para fazerem ouvir as suas reivindicações.

O MIRANTE acompanhou as acções de luta dos trabalhadores nos armazéns de Vialonga e Torres Novas onde, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, dos Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), a adesão foi superior a 90 por cento no concelho vilafranquense e a 80 por cento em Torres Novas. Em Vialonga a luta dos trabalhadores contou com o apoio da secretária geral da CGTP, Isabel Camarinha.

O sindicato justificou a acção de luta com os baixos salários pagos na DIA/Minipreço apesar de uma alegada subida nas vendas a rondar os 7,6 por cento em 2020. O sindicato fala mesmo numa conduta “criminosa” de exploração de mão-de-obra barata e pagamento de salários de miséria.

“Mais de 80 por cento dos trabalhadores da empresa, num universo de 3.500, recebem salários entre os 665 e os 700 euros, muitos deles com carreiras superiores a 30 anos na empresa”, lamenta a O MIRANTE Célia Lopes, dirigente do CESP.

Além de um aumento de salários para os 850 euros, os trabalhadores dos armazéns pedem a equiparação da sua carreira à dos trabalhadores das lojas. “Assistimos aqui a uma clara desvalorização do trabalho destes trabalhadores. Em Abril levaram os trabalhadores à exaustão e ao limite das suas capacidades e ainda meteram processos a quem não cumpriu com as quotas, muitos porque em vez de tratarem do embalamento diário de 253 caixas só conseguiram fazer 187”, critica Célia Lopes.

A empresa propôs aos trabalhadores 700 euros de salário para quem tiver até quatro anos de casa, 725 euros para quem tem mais de 15 anos e 750 euros para quem tiver mais de 25 anos. “O que a DIA oferece é que daqui a 6 meses tenham outra vez o salário mínimo porque ele vai subir entretanto. É caricato”, lamenta a sindicalista.

Os responsáveis do armazém da empresa em Vialonga assistiram à greve dos trabalhadores na portaria mas recusaram prestar esclarecimentos sobre o assunto a O MIRANTE.

1.800 caixas por mês

Miguel Fernandes é preparador de embalamento, tem 29 anos, é de Vialonga e trabalha no armazém há oito anos. Alerta para condições mínimas e um salário muito baixo para o real esforço dos trabalhadores. Por mês é obrigado a embalar mais de 1.800 caixas que seguem para os supermercados da Grande Lisboa. Miguel costuma fazer acima disso mas recentemente baixou a quota e viu a empresa aplicar-lhe um processo disciplinar.

“É um trabalho muito duro e desgastante que exige muito esforço físico. Baixei os valores, eles nem me perguntaram se estou cansado ou com algum problema de saúde. Sentimos que somos mais prejudicados por reivindicarmos”, lamenta. O último aumento que recebeu, recorda, rondou os quatro euros. “Isto não é nada pelo trabalho que fazemos”, lamenta.

Armazéns de Torres Novas sem piquete de greve

O MIRANTE esteve nas instalações da DIA Portugal, em Torres Novas, pelas 14h00 de sexta-feira, 21 de Maio, não se encontrando nenhum piquete de greve ou movimento grevista. A jornalista esteve no local cerca de uma hora a aguardar o regresso do piquete. No entanto, o que viu foi um movimento normal de trabalhadores que iam chegando à empresa. Foi confirmada a presença de grevistas durante a manhã, mas sem que estivesse previsto um novo piquete junto aos armazéns de Torres Novas. O MIRANTE escreveu à administração da empresa para comentar a percentagem de adesão à greve mas até ao momento não obtivemos resposta.

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