Imagine que está a passar pela vila de Benavente e tem no carro várias garrafas de plástico vazias das quais gostava de se livrar, mas não está a encontrar um ecoponto. Parar o carro e despejá-las num contentor seria, aparentemente, a opção mais fácil, mas em breve vai existir uma ferramenta que o vai ajudar a tomar a atitude certa: uma aplicação (app) para telemóveis que indica qual o ecoponto mais próximo na vila de Benavente, que está a ser desenvolvida por duas turmas de 7º e 8º ano da Escola Básica 2,3 Duarte Lopes, do Agrupamento de Escolas de Benavente.

A aplicação, inserida no projecto escolar ambiental “Vamos Cuidar do Planeta”, está a ser desenvolvida nas aulas de Educação Tecnológica, do professor José Ramalho, e deverá estar concluída no final do presente ano lectivo. “Com a ajuda de um mapa da vila, os alunos já recolheram as coordenadas dos ecopontos existentes e o próximo passo é fazer a sua descrição, ou seja, se é um ecoponto verde, azul, amarelo, para o óleo ou as pilhas”, explica a professora e coordenadora do projecto, Carolina Pereira.

O caminho para uma vila mais limpa e amiga do ambiente ainda é longo. Maria Madalena Guilherme, aluna do 8º E, assiste ao mesmo cenário quase todos os dias a caminho da escola: “máscaras e lixo no chão, caixotes do lixo a abarrotar e monos espalhados”. Na rua onde mora não é difícil perceber que os caixotes para o lixo indiferenciado “estão sempre cheios e os ecopontos não”, o que demonstra bem que “grande parte ainda não faz reciclagem”.

“A atitude continua a ser meter tudo em sacos pretos e despejar no contentor verde, por isso é que ainda são precisos projectos como este que ajudem a mudar mentalidades”, diz a O MIRANTE Madalena Prates, aluna do 7º E, residente na Barrosa, a freguesia mais rural do concelho, onde “muito poucos utilizam os ecopontos”.

Escola quer influenciar políticas públicas

Sendo um dos objectivos do projecto influenciar as políticas públicas, promovendo o envolvimento dos jovens nas decisões políticas já foi dado a conhecer pelos alunos numa Assembleia Municipal de Benavente e em duas conferências, uma escolar e outra regional, promovidas pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), entidade mentora do projecto.

“Era muito importante o município ter conhecimento deste projecto e ao mesmo tempo fazer com que a comunidade percebesse que a escola não é um espaço fechado e que contribui para a melhoria do que é de todos”, sublinha a professora Cristina Branco, que também é eleita na assembleia municipal.

Os alunos, com a ajuda dos professores, já redigiram uma “carta compromisso” dirigida à Ecolezíria, para que a empresa intermunicipal que efectua a recolha, tratamento e valorização de resíduos urbanos em Benavente possa melhorar o seu serviço.

Uma nova disciplina chamada Oficina do Ambiente

Os alunos que vão ingressar no terceiro ciclo no próximo ano lectivo vão ter uma nova disciplina. Vai chamar-se Oficina do Ambiente e tem como objectivo “o desenvolvimento de novos projectos que toquem a comunidade e ao mesmo tempo ensinem competências aos alunos e ajudem a resolver problemas ambientais”, explica o director do Agrupamento de Escolas de Benavente, Mário Santos, vincando que “cada vez mais as preocupações com o ambiente têm de se reflectir no ensino”.