Manuela Viriato, eleita da bancada da CDU na Assembleia de Freguesia da União de Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, que é também candidata daquele partido nas próximas eleições autárquicas, incendiou a recta final da última reunião daquele órgão depois de chamar “parvalhão” ao presidente da junta, o socialista Jorge Ribeiro.

O caso aconteceu na sessão de 27 de Maio quando a reunião, por videoconferência, já ia com quatro horas e 40 minutos de duração. Estava a ser discutido o facto das reuniões ainda não serem presenciais e há muito que os ânimos vinham aquecendo. O caldo entornou-se quando o presidente da junta, Jorge Ribeiro (PS), afirmou compreender politicamente que as candidaturas “tragam destas coisas”, ao que se ouviu Manuela Viriato dizer do outro lado do microfone da CDU que trazem também “muitos parvalhões”. Jorge Ribeiro interrompeu de imediato a sua intervenção, a CDU desligou os microfones e o socialista exigiu que a eleita repetisse o que afirmou ou se retratasse, só se tendo ouvido silêncio. David Costa, o rosto da CDU que aparece na videochamada, manteve-se estático e sem reacção.

“Nunca faltei ao respeito a nenhum eleito como esta senhora acabou de fazer. Não andamos aqui a brincar à política. É absolutamente lamentável e inaceitável que uma eleita, com a responsabilidade que tem a sua camarada, se tenha dirigido ao presidente da junta como o fez. Não ofendi ninguém. O que aconteceu aqui, a troco do nada, foi uma falta de respeito tremenda”, criticou o autarca.

Manuela Viriato recusou retratar-se e usou da palavra apenas para lamentar que uma outra eleita do PS tenha bocejado quando o colega de bancada, David Costa, estava a intervir. “Isso já não é falta de respeito?”, questionou. Entretanto, Joaquim Baltazar, do PS, considerou a situação “uma vergonha” e José Gonçalves, também do PS, ironizou dizendo que “contado ninguém acredita”.

David Costa recusou comentar o que disse não ter ouvido, apesar de estar ao lado de Manuela Viriato, notando em vez disso que “pode haver excessos linguísticos mas o presidente não é exemplo para ninguém”, acusando o autarca socialista de querer criar um caso político para “ser primeira página de O MIRANTE”.

A situação levou a que a presidente da assembleia, Ana Paula Bayer, também ela candidata às próximas eleições pelo PSD, acabasse com os trabalhos e colocando a acta em minuta à votação, ao mesmo tempo que confessou sentir vergonha por integrar um grupo que se comporta naquele nível. “A falta de respeito que se viveu nos últimos minutos é tremenda. A mesa vai reunir-se e avaliar o que aconteceu. O que se passou aqui envergonha-nos a todos e sinto muita vergonha de estar agora neste grupo. É mesmo lamentável o que aconteceu e vamos tomar uma posição”, disse a autarca.