A Câmara de Azambuja prepara-se para recuperar a propriedade plena sobre direito de superfície sobre o edifício da antiga Escola Grandella, em Tagarro, imóvel municipal emblemático recuperado há 15 anos por uma empresa privada e que se encontra devoluto e ao abandono.

Segundo o presidente da autarquia, Luís de Sousa, a empresa que detém o direito de superfície sobre o imóvel entrou em insolvência e quer agora despachá-lo o mais breve possível. Isto depois de ter pedido ao município a devolução dos valores gastos nas obras de recuperação do edifício, o que não foi aceite.

O MIRANTE entrou em contacto várias vezes com a autarquia para saber mais detalhes sobre esta transacção, mas sem sucesso. O presidente da câmara explicou apenas que os motivos da transferência prendem-se com o facto de a empresa, ligada ao sector da construção civil, ter entrado em insolvência e não manter interesse em continuar na posse do imóvel.

Recorde-se que o direito de superfície do antigo edifício da Escola Almeida Grandella foi cedido pela autarquia em 2004, por um período de 99 anos, à Ocean Othon, uma empresa luso-brasileira. Em 2006, a empresa recuperou o edifício, que estava em ruínas há mais de 50 anos, cedendo um espaço com 30 metros quadrados ao município para ali instalar um posto de turismo, o que nunca aconteceu. Entretanto a titularidade do direito de superfície passou para outra empresa.

As obras de requalificação da escola, construída no início do século XX, foram uma contrapartida pela cedência de utilização do edifício, que, no entanto, continuou sempre a pertencer à Câmara de Azambuja. O histórico edifício, que funcionou como escola primária, é uma das cinco escolas Grandella mandadas construir pelo filantropo Francisco de Almeida Grandella, que foi também o responsável pelo edifício de Aveiras de Cima, onde actualmente funciona a biblioteca municipal.