A Câmara de Azambuja quer criar mais incentivos para tentar fixar médicos de família no concelho. Na última reunião do executivo municipal foi aprovada a abertura de procedimento para elaboração do Regulamento Municipal de Apoio à Fixação de Médicos de Família do Concelho de Azambuja, que durante 30 dias vai estar aberto a sugestões da população. As propostas serão depois aprovadas pela autarquia para ser criado o pacote de novos incentivos para os médicos.

Para já, e de acordo com o presidente da autarquia, Luís de Sousa, será colocada uma médica para exercer nos centros de saúde de Azambuja e Aveiras de Cima, onde há mais de nove mil utentes sem médico de família nessas duas freguesias.

A novidade foi dada a O MIRANTE durante uma manifestação de utentes realizada à porta da Câmara de Azambuja na última sexta-feira, dia 4. No protesto, organizado pelo Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP), compareceram várias dezenas de pessoas, descontentes com a falta de médicos, mas também com a falta de resposta dos centros de saúde aos problemas dos utentes, obrigando-os a recorrerem ao Hospital de Vila Franca de Xira ou, em alguns casos, a hospitais privados.

É o caso de Margarida Narciso, residente em Vale do Paraíso. Sem médico de família há 22 anos, tem de recorrer ao médico de recurso quando está com algum problema. Conta ainda que já teve de ser seguida em hospitais privados uma vez que tem problemas de coração e não podia esperar pelas consultas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo os autarcas, a razão de grande parte dos médicos não se fixar em Azambuja prende-se com o facto de a sua larga maioria ser do norte do país e pedir transferência para a sua região de origem ao fim de seis meses, período a partir do qual o médico já pode pedir mobilidade. A Câmara de Azambuja já oferecia casa e transporte para os médicos, mas agora vai aumentar os benefícios para ver se finalmente estes profissionais se instalam no concelho.

Mais de 10 mil utentes sem médico no concelho

Em todo o concelho há mais de 10 mil pessoas sem médico de família. No Centro de Saúde de Aveiras de Cima, que abrange também Aveiras de Baixo e Vale do Paraíso, são mais de seis mil os utentes que não têm médico atribuído, situação que se agravou com a saída recente de uma médica e da baixa de outra profissional.
Só na União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa é que a situação é mais favorável, pois há um médico que atende quase todos os doentes da freguesia, sendo que os restantes foram deslocados para o Centro de Saúde de Pontével, já no concelho do Cartaxo.

A freguesia de Alcoentre é onde a situação é mais grave, visto que nenhum dos utentes tem médico atribuído e, muitas vezes, é preciso chegar ainda de madrugada ao centro de saúde para garantir o médico de recurso.