Há cada vez mais médicos a recomendarem a prática de yoga aos seus doentes como forma de reduzirem os níveis de ansiedade ou para melhorarem a postura corporal ou alguma dor física. A afirmação é de Joana Oliveira, presidente da direcção da Federação Portuguesa de Yoga (FPY), sediada no edifício do antigo jardim-de-infância junto à Casa do Campino, em Santarém.
“Com a prática continuada conseguimos desenvolver bem-estar interior que depois tem efeitos em termos físicos. Melhora a postura e ajuda a aliviar problemas como dores de costas, insónias, problemas do foro digestivo e intestinal. Não há uma fórmula mágica mas a prática regular ajuda muito”, refere a professora de Yoga, a propósito do Dia Mundial do Yoga, que se assinala a 19 de Junho.

O yoga chegou a Portugal no final dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado e está desde sempre ligado a Santarém. A professora Maria Helena Freitas Branco começou a dar aulas na cidade escalabitana e a prática foi-se desenvolvendo. A Federação Portuguesa de Yoga foi criada há 21 anos e tem várias associações espalhadas pelo país.

O que leva as pessoas a praticarem yoga é a ansiedade, stress ou problemas físicos. Joana Oliveira explica a O MIRANTE que o yoga remete para a necessidade de cada pessoa ser um todo, corpo, mente e espírito, embora sublinhe que esta prática milenar, que começou na Índia, não é uma religião mas sim uma filosofia de vida.

“Uma das definições de yoga é a paragem das flutuações mentais. A intenção é conseguir que o cérebro desligue dos seus pensamentos. É difícil parar o pensamento mas tentamos serená-lo com diversas práticas. Só o facto de se aprender a respirar já ajuda em casos de maior agitação. O yoga ensina-nos a focar num ponto e abstrairmo-nos de tudo o que está à volta. Com o yoga aprendemos a relacionarmos com o outro de forma diferente, somos pela não violência, o não julgamento e procurar dizer sempre a verdade. Além disso, qualquer pessoa de qualquer religião pode praticar”, sublinha.

Joana Oliveira defende que o yoga está na moda porque tem a vantagem de, depois dos exercícios serem ensinados, a pessoa não depender de ninguém para o praticar e as pessoas estão cada vez mais voltadas para a necessidade de pararem um bocadinho neste mundo cada vez mais agitado. Esta prática milenar não cura mas pode ser um complemento aos medicamentos que se tomam para a ansiedade, stress ou depressão.

Mais procura com a pandemia

Durante a pandemia e os períodos de confinamento houve uma maior procura e a FPY adaptou-se e iniciou as aulas online, que ainda estão a decorrer em paralelo com aulas presenciais. “Houve muita solidão. Muitas pessoas que moram sozinhas deixaram de ter o convívio das aulas e também dos encontros que tinham durante o dia com os amigos, como estavam habituadas e sentiram-se muito sozinhas”, conta.

Para Joana Oliveira, o yoga deveria ser utilizado em escolas e locais de trabalho. Antes de ser professora de yoga foi professora de Português a alunos do 3º ciclo e secundário e nos últimos anos ensinou respiração aos seus alunos. “A verdade é que andavam mais calmos e os professores, a quem também ensinei, ficavam mais serenos. Se todos experimentassem respirar fundo várias vezes durante uma pausa de cinco minutos haveria muitas diferenças na forma de encarar o trabalho”, garante.

Qualquer pessoa pode praticar yoga e pode conciliar-se com outros desportos. Também ajuda durante e depois da gravidez. Com as aulas online apareceram muitos emigrantes que preferem praticar as aulas com pessoas que falam a sua língua. A professora acredita que a prática de yoga já está desmistificada e as pessoas já entenderam que não é nenhuma religião por isso tem havido um aumento na procura.