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Lamas do tratamento de água da EPAL vão servir para fazer tijolo
A Estação de Tratamento de Águas da Asseiceira, em Tomar, produz mais de 20 toneladas de lamas por dia

Lamas do tratamento de água da EPAL vão servir para fazer tijolo

É na Estação de Tratamento de Águas da Asseiceira, em Tomar, que é produzida a maior parte das lamas no país, mais de 20 toneladas por dia. Resíduos podem servir também para tratamento de efluentes industriais e estão a ser estudadas outras aplicações.

As lamas provenientes do tratamento da água que abastece um terço dos portugueses vão servir para fazer tijolo e tratar águas residuais e, no futuro, poderão estar até na construção civil e nas estradas.

“Deixaram de ser resíduos”, passaram a matéria-prima, diz Pedro Fontes, director de inovação e desenvolvimento da EPAL, a empresa do grupo Águas de Portugal que abastece 3,8 milhões de pessoas, a maior parte servidas pela albufeira de Castelo de Bode e Estação de Tratamento de Águas (ETA) da Asseiceira, em Tomar.

Até agora, as lamas da ETA de Asseiceira, como de qualquer outra estação de tratamento de águas, ou iam para aterro ou para incineração, nomeadamente na indústria cimenteira. Agora são postas a secar, são revolvidas e sujeitas a um processo natural de desidratação, sem consumo de energia. É essa matéria seca que depois será vendida para as, até agora duas, novas finalidades.

É na ETA da Asseiceira que são produzidas a maior parte das lamas, mais de 20 toneladas por dia, cerca de 10 mil toneladas por ano de uma produção total no país que rondará as 15 mil toneladas.
E é na ETA que Pedro Fontes explica à Lusa como tudo começou: “Há cerca de quatro anos uma equipa pluridisciplinar da EPAL iniciou um conjunto de trabalhos com universidades procurando demonstrar a possibilidade de valorizar estas lamas em sectores da actividade industrial”.
A equipa pensou inicialmente na indústria cerâmica, fez testes aos materiais, fez testes de compatibilidade e foram feitos tijolos numa empresa de cerâmica. E com universidades trabalhou também no sentido de se usarem as lamas no tratamento de águas residuais. As lamas contribuem para a remoção de contaminantes e podem também ser usadas com a mesma função no tratamento de efluentes, por exemplo da indústria têxtil.
Em finais do ano passado o trabalho foi concluído com a autorização do Ministério do Ambiente para comercializar as lamas, que a partir daí adquiriram um novo estatuto deixando de ser um resíduo que a empresa pagava para ser levado da ETA.
Mas poderá haver mais utilizações para as lamas da ETA da Asseiceira. “Temos neste momento trabalhos a serem desenvolvidos para mais dois sectores, queremos que estes materiais, e vamos conseguir demonstrá-lo, possam ser utilizados em pré-fabricados ligeiros de betão, blocos de cimento por exemplo, e também ao nível da aplicação em massas asfálticas”, disse o responsável.

Um novo destino
para as lamas
Pedro Fontes adiantou que “os primeiros resultados foram muitíssimo promissores” e disse que o processo ainda está em andamento porque o Ministério do Ambiente pediu mais informação.
“Pedimos quatro utilizações, fiabilizaram duas e em duas delas os pré-fabricados e os betuminosos, ainda estamos a desenvolver trabalho” com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e com o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, disse, manifestando-se optimista naquilo a que chama a criação de um novo destino para as lamas, num exemplo de economia circular.
“Estas lamas eram um custo, que podia representar 300 a 400 mil euros por ano. O que pretendemos é inverter esse paradigma e ao invés de ter um destino linear, em que eu produzo resíduos e entrego a alguém, no fundo reincorporamos isto nos ciclos naturais de materiais evitando o consumo de matérias-primas originárias” contribuindo também para a redução de emissões de dióxido de carbono, justificou o responsável.

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