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Morte de dois jovens de 15 anos no Tejo lança alerta sobre os perigos do rio
O Tejo continua a fazer vítimas e duas das últimas mortes deram-se em Alhandra e Santarém

Morte de dois jovens de 15 anos no Tejo lança alerta sobre os perigos do rio

Autarcas e bombeiros relembram que não há vigilância nem nadadores-salvadores, que o rio é traiçoeiro e que quem decide tomar banho no Tejo está por sua conta e risco.

José Carvalho, de 15 anos, estava a nadar no rio Tejo, na Ribeira de Santarém, na tarde de domingo, 13 de Junho, quando os amigos deixaram de o ver à superfície e chamaram por socorro. O jovem, que estudava na Escola Alexandre Herculano, em Santarém, estava com os amigos numa zona que muitos acham que é uma praia fluvial, e onde, em tempos, a Câmara de Santarém criou uma praia, perto da ponte D. Luís I.

Cinco dias antes, a 8 de Junho, Carlos Caldeira, da mesma idade, também desapareceu no rio Tejo, mas na zona do cais de Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira. Durante três dias bombeiros e polícia marítima procuraram o jovem, que se sentiu mal quando desapareceu, e acabou por ser encontrado três dias depois por um pescador perto das instalações da fábrica da Cimpor, em Alhandra.

As buscas pelo corpo de José Carvalho, de nacionalidade angolana, duraram quatro dias tendo sido encontrado na manhã de quinta-feira, 17 de Junho, junto à ponte Rainha D. Amélia, no Cartaxo.

O comandante dos Bombeiros Sapadores de Santarém, José Guilherme Marcos, alerta para os perigos do rio e lembra que o Tejo não deve ser frequentado em zonas não licenciadas e não vigiadas. “O próprio leito do rio, a sua corrente e os bancos de areia são os perigos do rio que as pessoas têm que ter em conta e evitá-los. Os fundões são mesmo muito perigosos e não é só na zona da Ribeira de Santarém que tem que se ter cuidado. Há que ter cautelas em todo o percurso do rio Tejo e de outros rios”, alerta.

Autarcas preocupados com utilização do rio como praia

O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos não gosta de publicitar a chamada praia doce – também conhecida por praia dos tesos – que todos os anos tem centenas de pessoas a aproveitarem a água do Tejo. Hélder Esménio explica que ali está o parque de merendas da praia doce e que tomar banho naquela zona é perigoso por causa dos fundões. O autarca contou a O MIRANTE que, recentemente, mesmo com a presença de bombeiros e polícia, dois homens foram arrastados pela força da água. Felizmente a situação acabou por correr bem mas os perigos mantêm-se.

A autarquia tem um funcionário no local, durante os meses de Verão, para fazer serviço de vigilância. Também paga à GNR para estar em permanência no local, aos fins-de-semana de Verão, para controlar o estacionamento e o elevado número de pessoas. Hélder Esménio insiste em explicar que aquele local não é uma praia e que é perigoso entrar na água do rio.

O mesmo se passa na praia de Valada. O presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro, afirma que a concessão atribuída ao bar da praia de Valada prevê a delimitação do espaço no rio que se pode frequentar, delimitado com cordas e boias. Segundo Pedro Ribeiro, durante o Verão passam por ali entre 80 a 100 pessoas.

O maior investimento feito no local nos últimos tempos foi na manutenção da estrutura da Fluvina, local onde os barcos ficam atracados. Tanto Hélder Esménio como Pedro Ribeiro admitem que a legalização de praias fluviais é muito burocrática e dispendiosa e, por isso, abaixo de Abrantes não há praias fluviais legalizadas onde se possa tomar banho em segurança.

Em Vila Franca de Xira não há locais seguros e falta sinalização

Não há nenhum local considerado seguro para nadar no rio Tejo no concelho de Vila Franca de Xira e cada mergulho comporta sérios riscos. A convicção é de Sérgio Ferro, comandante dos Bombeiros de Alhandra, que foi durante mais de uma década um dos mergulhadores de serviço na corporação.

Sérgio Ferro conhece bem os riscos de frequentar as águas do rio Tejo, onde os resgates dos mergulhadores são feitos pelo tacto e com a intuição ganha através de anos de experiência. Por isso, garante, o Tejo é um rio mais perigoso a sul do que a norte e elege como principais factores de risco os remoinhos, as alterações das correntes e a visibilidade nula debaixo de água. “Mesmo para quem sabe nadar é um risco quando se cai à água”, avisa.

A frente ribeirinha de Alhandra é das poucas do concelho onde o acesso ao rio está facilitado, e onde há acesso livre aos pontões das embarcações, o que leva muita gente a arriscar mergulhar naquele local. Sérgio Ferro acredita não ser possível proibir a população de nadar no rio mas defende que seja colocada sinalização a avisar para os riscos de mergulhar numa zona que não tem vigilância. “Sinalização a avisar para os riscos não vai impedir que as pessoas se afoguem mas pelo menos alerta para os riscos daquela água”, defende em conversa com O MIRANTE.

Como não há vigilância, a maioria dos primeiros alertas para os desaparecimentos é dada aos bombeiros por quem está a passar nos caminhos ribeirinhos e pela comunidade avieira. Apesar da recente morte de Carlos Caldeira, de 15 anos, o comandante dos Bombeiros de Alhandra garante que os casos de desaparecimento e morte no Tejo têm diminuído nos últimos anos tendo-se verificado uma única situação em 2020.

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