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“O associativismo está vivo e é necessário às comunidades”
Joaquim Vardasca é presidente da Assembleia-Geral da Cercipóvoa da Póvoa de Santa Iria há 18 anos e assistiu a todos os momentos bons e maus da instituição

“O associativismo está vivo e é necessário às comunidades”

Joaquim Vardasca, 59 anos, presidente da Assembleia-Geral da Cercipóvoa da Póvoa de Santa Iria.

Natural da Póvoa de Santa Iria, Joaquim Vardasca é uma pessoa que vive e trabalha no concelho de Vila Franca de Xira e que há mais de duas décadas se envolveu na vida associativa da Póvoa. Acredita que deve devolver à comunidade um pouco do que ela lhe dá e é sobretudo reconhecido pelo seu trajecto na Cercipóvoa.

Gosto muito de viver e trabalhar na Póvoa de Santa Iria. Ainda me lembro do tempo em que não existiam prédios na Quinta da Piedade. Antigamente, a Póvoa era uma terra pacata. Os primeiros prédios foram feitos junto à estrada nacional e depois tudo progrediu. É a evolução normal das coisas. Gosto muito da Póvoa e do concelho de Vila Franca de Xira. Não faz sentido haver rivalidades entre localidades. Somos acima de tudo portugueses e temos de ter uma ligação à terra onde vivemos.

A Póvoa tem condições excepcionais para viver por causa da sua localização e morfologia. Muita gente escolhe vir viver para cá pela proximidade a Lisboa. Mas ainda há muita coisa a fazer. Falo da sensibilidade para ordenamento, rigor, limpeza e manutenção dos espaços públicos. Acredito que o desenvolvimento das cidades é útil, desde que seja com qualidade e visando o bem comum. A zona ribeirinha é uma obra marcante e distinguida que deve ser um motivo de orgulho da Póvoa. A requalificação de toda aquela zona foi melhor para todos. E quando se fizer a ligação a Loures e à Expo será uma zona ainda mais privilegiada e de utilização de toda comunidade.

Tira-me do sério a falsidade das pessoas. Prefiro uma pessoa má do que hipócrita e falsa. Sou uma pessoa que gosta de praia mas também de campo e sinto que serei uma pessoa irrealizada até ao final da vida. Consigo desligar-me do telemóvel mas por norma atendo toda a gente, independentemente da hora. Gosto de jogar ténis com os amigos nas horas livres e de viajar. O nosso país tem muita coisa bonita para ver e apreciar. Se os outros nos identificaram como um país espectacular porque não aproveitamos e o conhecemos?

Sou presidente da assembleia-geral da Cercipóvoa há 18 anos. Passar pela vida não é apenas resolver os nossos problemas mas também dar alguma coisa de nós à comunidade. É isso que sempre quis fazer. Quis dar o meu contributo e, de alguma forma, contribuir para tornar estes miúdos e adultos mais felizes, dar-lhes dignidade e ajudar a lutar pela sua inserção na sociedade. Quando a Cercipóvoa ainda funcionava em contentores fiz parte do grupo que se juntou para angariar dinheiro para comprar uma carrinha. Avançar para as novas instalações foi um processo ambicioso mas que tinha de ser feito.

Toda a gente que esteve na Cercipóvoa ao longo dos anos tentou dar o seu melhor. Fico feliz por, apesar de todas as dificuldades e momentos muito difíceis, nunca os utentes terem saído prejudicados. Nada lhes faltou. Foi muito graças ao empenho de todos os funcionários. Houve momentos muito maus e perturbados mas conseguimos ultrapassá-los. A Cercipóvoa já merecia estar numa situação estável. Estes corpos gerentes aumentaram a credibilidade da instituição e isso traduz-se em resultados que nos orgulham e dão uma alma nova a todos.

Nunca pensei sair, mesmo quando as coisas estavam más. Enquanto a associação precisar de mim cá estarei. Hoje a Cercipóvoa é um orgulho para a cidade e o concelho. O associativismo está vivo e é necessário às comunidades. A Maria da Luz Rosinha e a Câmara de Vila Franca de Xira foram muito amigas da instituição ao longo de todos estes anos e sempre estiveram disponíveis para ajudar. A nossa grande capacidade enquanto seres humanos deve ser espoletar nos outros o melhor que eles têm para dar.

Termos recebido a distinção de Personalidade do Ano 2020 de O MIRANTE foi justo e fiquei muito orgulhoso. Foi o reconhecimento público de um grande jornal a uma instituição que, pelo trabalho que desenvolveu, já merecia ser recompensada. Premiou o sacrifício que foi feito por muita gente para manter a instituição viva porque só conseguimos salvar alguém que não esteja morto.

Há sempre quem critique muito mas seja pouco útil para resolver e ajudar porque é mais fácil criticar do que fazer. E hoje há formas mais fáceis disso acontecer. O que é fundamental é fazer estes miúdos felizes. Concorremos agora ao programa PARES da Segurança Social para duplicar o tamanho do nosso lar. Precisamos de criar condições para os nossos utentes continuarem a ter qualidade de vida quando já não tiverem uma família capaz de cuidar deles.

“O associativismo está vivo e é necessário às comunidades”

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