Balastro: a dança que nos leva a viajar
Um espectáculo de dança contemporânea onde está presente toda a simbologia do imaginário ferroviário.
Nas linhas férreas tradicionais a circulação dos comboios só é possível com a ajuda do balastro: a pequena pedra branca que aperta e acondiciona as travessas contra os carris e faz emergir a viagem.
Este foi o mote que deu origem ao espectáculo com o mesmo nome, a cargo da escola Es-Passo de Dança do Entroncamento, no dia 3 de Julho, na Praça Salgueiro Maia, no Entroncamento. Um espectáculo de dança contemporânea onde esteve presente toda a simbologia do imaginário ferroviário.
Como se assinalava na sinopse do cartaz: “A etnografia do caminho-de-ferro é riquíssima, sendo possível contá-la através do movimento, da cenografia e das ambiências sonoras. Há um folclore muito particular nos gestos dos fogueiros, dos manobradores de linha, dos maquinistas, dos revisores ou dos guardas de linha”. E foi isso mesmo que visualizámos no desfilar das coreografias que nos conduziram através dos gestos dos construtores de linhas, dos rituais das manobras, dos objectos e maquinismos das vias férreas, do hedonismo do viajante.
Uma hora de espectáculo onde também fomos surpreendidos pela poesia. Um rasgo de originalidade onde apenas a voz vestiu os gestos das bailarinas, exímias executantes. Poemas de Álvaro de Campos (“Saí do Comboio”), Daniel Faria (“Há um comboio iluminado no meu cérebro”) e Mário-Henrique Leiria (“Ida Sem Volta”), trouxeram uma ambiência inédita numa fusão feliz com a dança.
O Es-passo de Dança existe no Entroncamento desde o ano 2000. Lecciona aulas de ballet, dança contemporânea e ballet para adultos, e está filiada na American Academy of Ballet. O próximo espectáculo, que será também de encerramento do ano lectivo de 2021, está marcada para 10 de Julho no Cine-Teatro S. João (15h30 e 18h30) com o título “As 4 Estações”.