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Fim dos Companheiros da Noite é aviso sério para o associativismo
Uma das últimas fotos de grupo dos Companheiros da Noite tirada durante uma iniciativa em Alverca

Fim dos Companheiros da Noite é aviso sério para o associativismo

Dirigentes e autarcas lamentam falta de disponibilidade da comunidade para ajudar quem mais precisa.

O vazio directivo em que caiu a associação Os Companheiros da Noite, da Póvoa de Santa Iria, é um “aviso sério” ao estado do associativismo no concelho de Vila Franca de Xira. A opinião é partilhada por dirigentes associativos e autarcas que defendem uma reflexão profunda sobre o problema.

“A maioria dos dirigentes são pessoas que se eternizam nos cargos. Somos sempre os mesmos. A malta gosta é de estar no sofá, beber uma cerveja e mandar uns bitaites nas redes sociais. Mas depois não aparece ninguém para trabalhar”, lamenta Rui Benavente, presidente da Associação de Reformados e Idosos da Póvoa de Santa Iria (ARIPSI). O dirigente diz ver “com muita tristeza” o fim dos Companheiros da Noite e lembra como também na ARIPSI tem sido difícil encontrar pessoas disponíveis para integrar os órgãos sociais. “Não é fácil. Investimos muito tempo das nossas famílias. Além de não ganharmos nada ainda somos responsáveis pelas contas”, lamenta.

Nuno Caroça, presidente dos Dadores Benévolos de Sangue da Póvoa de Santa Iria, concorda e diz que é preciso reflectir sobre o associativismo e de uma vez por todas começar a discutir a possibilidade de remunerar os dirigentes. “Há pessoas que se eternizam nos cargos. Acredito que o futuro das associações está em risco se a sociedade não se empenhar”, alerta.

Para Nuno Caroça quem gerir associações que movimentem mais de um milhão de euros por ano deveria ser remunerado. “O que está a acontecer nos Companheiros da Noite é um alerta para todos nos preocuparmos sobre o futuro das associações”, defende.

Já o presidente do Grémio Dramático Povoense, Jorge Feliciano, também confessa ter dificuldade em encontrar quem esteja disponível para ajudar a associação. “É difícil motivar as pessoas para, de forma gratuita, ajudarem. A sociedade evoluiu num caminho em que é cada vez mais difícil ser solidário”, lamenta.

Perda muito grande para o concelho

O fim dos Companheiros da Noite é “uma perda muito grande” para a Póvoa e o concelho, diz Jorge Ribeiro, presidente da junta de freguesia. O autarca diz ver com grande tristeza o vazio directivo da associação e apela à comunidade para que possa ajudar. Já Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, diz ter visto o fim do trabalho desenvolvido pela colectividade com surpresa e tristeza.

“Estamos habituados há muitos anos ao trabalho solidário e muito generoso dos Companheiros da Noite. Há muita coisa que terá de ser assumida pela câmara, porque temos de continuar a ajudar os mais vulneráveis e espero que mais tarde ou mais cedo os Companheiros voltem ao trabalho”, afirma o autarca a O MIRANTE.

A associação dava apoio alimentar a 90 pessoas sem abrigo e a outras 30 famílias em todo o concelho. Foi a segunda associação da Póvoa a fechar portas recentemente depois de também a associação cultural Dom Martinho ter fechado e os seus bens terem sido entregues à câmara. O concelho também perdeu outra associação em 2020 por falta de dirigentes, o Arsenal Desportivo de Alverca.

Ex-dirigente continua a devolver dinheiro

A ex-presidente dos Companheiros da Noite, Alice Fael, que se demitiu em 2020 depois de ter desviado seis mil euros da associação, está a cumprir com o plano de pagamentos acordado e a dívida está quase saldada. A colectividade nunca chegou a avançar para tribunal contra a ex-dirigente já que esta desvinculou-se da associação e assumiu o compromisso de repor o dinheiro.

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