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Greve dos carteiros faz acumular correspondência por entregar
Há em Abrantes, Santarém, Almeirim e Alpiarça mais de 140 mil correspondências por distribuir. Contratação de pessoal e combate à precariedade laboral estão na lista de reivindicações do sindicato. Correios não se comprometem com novas contratações.
A greve dos trabalhadores dos CTT de Abrantes e Santarém está a afectar os padrões de qualidade do serviço prestado fazendo crescer o número de correspondência acumulada. No centro de distribuição postal de Abrantes a paragem parcial levou à acumulação de 100 mil correspondências e no de Santarém, que afecta também os concelhos de Almeirim e Alpiarça, o número de correio em atraso ultrapassa os 70 mil objectos.
Em declarações a O MIRANTE, Dina Serrenho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, afirmou que a greve está lamentavelmente a afectar a população, mas é esta a única forma de a empresa perceber a insatisfação dos trabalhadores. O objectivo da paralisação é a contratação de pessoal por parte da empresa e o abandono das contratações precárias através de empresas de trabalho temporário. “Há um défice enorme de trabalhadores na distribuição e a empresa está a cair no ridículo ao dispensar pessoal e recorrer ao que diz ser uma entidade parceira para contratar pessoas para trabalhar durante semanas ou dias e depois serem mandadas embora”, sublinha.
Dina Serrenho assegurou ainda que a greve parcial em Abrantes vai continuar até ao final de Julho, pelo facto de a “empresa nem sequer ter respondido” aos contactos do sindicato. No caso de Santarém, depois de duas semanas de greve em Junho, a paralisação parcial vai ser retomada a 19 de Julho por tempo indeterminado e passar de duas para duas horas e trinta minutos.
“Em Abrantes precisamos de mais sete trabalhadores para conseguirmos cumprir com os padrões de qualidade”, explicou a sindicalista, acrescentando que “o que tem que prevalecer é o bom serviço público”.
Contactada por O MIRANTE, fonte oficial dos CTT, refere que a empresa respeita o direito à greve dos trabalhadores e admite que poderão existir alguns constrangimentos no que diz respeito à distribuição. Lamentando “eventuais transtornos” os CTT informam também que vão “reforçar os meios existentes, nos períodos do dia sem greve a decorrer, para que a situação se mantenha regularizada”.
Autarcas preocupados com o problema
O sindicato já reuniu com os presidentes de câmara de Abrantes e Santarém, Manuel Valamatos e Ricardo Gonçalves, respectivamente, que se comprometeram a interceder junto da empresa. No caso de Abrantes, o autarca já reuniu com o director de Operações de Transporte e Distribuição dos CTT, que se comprometeu a fazer um reforço de recursos humanos, para que nas próximas semanas a situação esteja regularizada, sem se comprometer, no entanto, com a contratação de mais pessoal efectivo.
Também forças políticas como o Bloco de Esquerda e a CDU têm manifestado apoio à greve parcial dos carteiros na região e os seus eleitos, designadamente em Abrantes e em Santarém, têm criticado as opções de gestão da empresa.
Contratação de trabalhadores pôs fim à greve em Rio Maior
O preenchimento de quatro das seis vagas para carteiros no centro de distribuição de Rio Maior levou o sindicato a suspender a greve parcial, na segunda-feira, 5 de Julho. “Não é o ideal, mas decidimos dar um voto de confiança à empresa”, disse a sindicalista. Nesse concelho a correspondência em atraso devido à greve ultrapassou os 50 mil objectos levando a Câmara de Rio Maior a apresentar uma reclamação dirigida à empresa e ao Governo exigindo medidas urgentes para a resolução dos atrasos na entrega da correspondência.
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