Vigilância na passagem de nível de Vila Franca de Xira é para continuar
Polícia de Segurança Pública acedeu ao pedido da Infraestruturas de Portugal para colocar agentes gratificados a vigiar a perigosa passagem de nível do cais de Vila Franca de Xira. Objectivo é sensibilizar a comunidade para os perigos de ignorar a sinalização.
A passagem de nível do cais de Vila Franca de Xira, um ponto negro de sinistralidade ferroviária que já ceifou a vida a 29 pessoas em 13 anos, está a ser vigiada desde Março por agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP). E assim deve continuar, já que a experiência tem corrido bem.
Os agentes, gratificados, foram colocados ao serviço pela Infraestruturas de Portugal (IP) numa tentativa de evitar que os acidentes continuem a acontecer por causa de moradores que desrespeitam as cancelas de segurança. Os agentes estão no local sete dias por semana, das 07h00 às 23h00, numa acção sobretudo pedagógica mas também reactiva quando alguém ignora as ordens e atravessa a passagem quando as cancelas estão fechadas. É uma contra-ordenação cuja coima são 50 euros.
Com os agentes no local toda a gente tem cumprido
Para o chefe Hugo Gonçalves, da Divisão de Segurança em Transportes Públicos da PSP, a presença dos agentes naquele ponto negro tem sido vital para reduzir os acidentes e os sustos. “Mesmo connosco aqui muita gente ainda nos vem pedir se os deixamos passar com a cancela para baixo. É um hábito muito enraizado que temos de mudar. Está em causa a segurança e é isso que as pessoas têm de entender”, explica a O MIRANTE.
Os maiores problemas vivem-se nas horas de ponta quando a cancela chega a ficar fechada perto de 15 minutos para deixar passar seis comboios diferentes. Mas o trabalho da PSP já começa a dar frutos positivos. “Nota-se muita impaciência nas pessoas em conseguir esperar mas já notamos que há mais gente a usar a passagem superior pedonal da Fábrica das Palavras, em particular nas horas de ponta. Conseguimos ver daqui”, confessa.
A pressa, o desrespeito pela sinalização e o alheamento geral face ao perigo são os factores de risco. “Uma das últimas vítimas que aqui morreu trucidada por um comboio ia a olhar para o telemóvel. Encontrámos o telefone ao pé do corpo ainda com o Youtube ligado. A pessoa estava completamente desenquadrada do perigo à sua volta, a olhar para o telemóvel enquanto atravessava com a cancela fechada. Não pode ser. É grave chegarmos a esse ponto”, lamenta Hugo Gonçalves.
IP insiste na deslocalização da passagem de nível
A Infraestruturas de Portugal confirmou a O MIRANTE a contratação de agentes da PSP com o objectivo de alertar a comunidade e sensibilizá-la para os comportamentos de risco. Informa ainda que tem um plano para melhorar a circulação pedonal naquele local, criando um percurso para peões separado da zona de circulação dos automóveis. O projecto está a ser desenvolvido pela empresa.
No entanto, para a IP, a deslocalização da passagem de nível para sul da actual localização é a única solução para resolver o problema. Uma solução com a qual a câmara e os moradores não estão de acordo. “Essa solução irá permitir a mitigação dos riscos que só serão eliminados com a supressão da passagem. O estudo de viabilidade das condições da passagem de nível na nova localização está aprovado pela Câmara de Vila Franca de Xira, sendo desta entidade a responsabilidade de realizar o projecto da componente não ferroviária”, explica a empresa.