Alguns habitantes têm a sensação de que vão vender comida quase dentro dos seus quintais. Os moradores tentaram sensibilizar a câmara, que nem resposta lhes deu.

A Câmara do Entroncamento recebeu várias reclamações e até uma petição com 38 assinaturas de moradores da Rua Francisco Sá Carneiro, e zona envolvente, apelando à não construção de um Burger King entre várias habitações. Mas os autarcas ignoraram os habitantes e a obra já vai avançada. O restaurante vai estar em lotes que estavam destinados a habitação e que a câmara permitiu que fossem anexados e alterada a sua finalidade. Os moradores mais próximos têm de levar com os equipamentos para os lixos praticamente à porta de casa e o posto de transformação eléctrico colado ao muro do quintal.

Os moradores que se queixam falaram com O MIRANTE, mas todos pedem para não serem identificados. Uns, na maioria, por receio de represálias por parte do município e outros porque consideram que é um caso perdido. Há quem saia de casa todos os dias e atravesse a rua apenas para ficar a observar o estado da obra. Há quem diga que nem os esgotos estão a ser bem-feitos, considerando que já nem denuncia as situações porque “valores mais importantes estão por trás e não vale a pena dizer nada”.

Os esgotos são precisamente uma das preocupações de quem tem casas com cave na Rua Calouste Gulbenkian e que garante que, sempre que chove, as águas se acumulam no cruzamento com a Rua Francisco Sá Carneiro, precisamente no local onde está a ser construído o restaurante. Os moradores criticam também a necessidade de ser feito um corte na ciclovia para que os carros possam entrar e sair do Burger King. Uma situação que coloca preocupações de segurança com carros a atravessarem a zona dedicada a bicicletas.

Na reclamação que acompanhava a petição os moradores chamam a atenção para o aumento de poluição sonora. Outra preocupação é ambiental como os cheiros, lixos e poluição que a infra-estrutura poderá causar na zona residencial, com contentores de resíduos junto a moradias. As dificuldades no escoamento de trânsito e a desvalorização do imobiliário da zona são outras das situações que incomodam os residentes.

Os moradores dizem sentir que o “Entroncamento é uma terra de ninguém, onde apenas interessa o dinheiro e não a comodidade de quem lá mora”, com um sentimento de revolta ainda maior por não terem obtido qualquer resposta da câmara.