uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Crianças têm cada vez mais alergias alimentares
Graça Sampaio é imunoalergologista no Centro de Alergia da CUF

Crianças têm cada vez mais alergias alimentares

Problema afecta 10 por cento das crianças e é a causa mais frequente de anafilaxia em idade pediátrica. Há casos tão graves que o simples contacto com o vapor de cozedura pode ser fatal. A propósito do Dia Mundial da Alergia, Graça Sampaio, imunoalergologista no Hospital CUF Santarém, fala-nos das causas, perigos e importância do diagnóstico.

As alergias respiratórias continuam a ser as mais comuns entre a população portuguesa no que toca a adultos. No caso das crianças, os alimentos são os grandes responsáveis pelas reacções alérgicas afectando 10 por cento da população infantil. E a tendência, explica a médica Graça Sampaio, imunoalergologista no Hospital da CUF Santarém, é que as crianças de países desenvolvidos sejam cada vez mais afectadas por aquela que é a “causa mais frequente de anafilaxia, reacção generalizada que pode levar à morte em idade pediátrica”.

Qualquer alimento pode causar uma alergia alimentar, no entanto, um número limitado é responsável pela maioria dos casos. Nos primeiros anos de vida os alimentos mais frequentemente implicados são o leite, ovos e depois o peixe e o trigo; só mais tarde aparecem o marisco, frutos secos e algumas sementes que podem ou não transitar para a idade adulta.

Se há doenças alérgicas causadas por uma “forte influência genética”, por sua vez influenciada por “factores ambientais”, há outras que apareceram devido a mudanças (radicais) no “padrão da dieta ocidental”. Alguns dos factores mais gritantes, alerta Graça Sampaio, foram a “facilitação do biberão na maternidade” (antes dos seis meses), a introdução de novos alimentos nos hábitos alimentares das famílias e o consumo crescente de fast-food. Também a poluição ambiental e a existência de alergénios ocultos em alimentos processados industrialmente contribuem para este aumento maligno.

Não basta eliminar o alimento alergénio

As reacções alérgicas podem ser as mais diversas, desde manchas na pele ao inchaço, mas desengane-se quem pensa que para que o episódio não se volte a repetir basta eliminar o alimento que desencadeia a alergia. Segundo a especialista, é obrigatório excluir todos os seus derivados. Por exemplo, se for leite obriga à exclusão total do consumo de produtos processados que o contêm, como bolachas e cereais. “É muito importante ler cuidadosamente os rótulos e ter atenção à contaminação com alergénios ocultos, nomeadamente nos utensílios de cozinha. Doentes mais sensíveis podem ter reacções muito graves até mesmo com a inalação de vapores de cozedura”, alerta.

Nenhum sintoma deve ser desvalorizado sendo importante “diagnosticar e ter um plano de tratamento perante as verdadeiras alergias que, em alguns dos casos, podem ser muito graves e potencialmente fatais”. Por outro lado, uma consulta da especialidade vai “excluir as falsas alergias”, evitando dietas restritivas desnecessárias com implicações nutricionais e na qualidade de vida.

Em crianças sem alergia alimentar, evidencia, “não há razão para atrasar a introdução dos alimentos, incluindo os considerados mais alergénicos” (leite, ovo, peixe e trigo) e a “diversificação alimentar deve ocorrer pelos quatro a seis meses de idade”. Uma vez introduzido um alimento, sublinha, “deve ser mantido de forma regular”.

Alergias de Verão mais frequentes em adultos

No Verão a pele está mais exposta ao sol e podem ocorrer reacções de hipersensibilidade após exposição solar de curta duração e em qualquer idade apesar de serem mais frequentes nos adultos. Com a chegada da época balnear, Graça Sampaio reforça que a exposição solar deve estar limitada aos períodos de menor risco com aplicação de protectores solares (factor igual ou superior a 50) aplicados entre 15 a 30 minutos antes de estender o corpo ao sol. Em caso de reacção alérgica pode ser necessário tratamento com anti-histamínicos orais ou corticoides tópicos.

Crianças têm cada vez mais alergias alimentares

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido