Os patos mudos, os que abanam a cabeça e a bicheza que para aqui vai
Inconfundível Serafim das Neves
Contaram-me agora uma história passada no Entroncamento que, por ser didáctica, partilho contigo. Alguém que queria comunicar uma ruptura de água durante um fim-de-semana teve que desistir e deixar correr porque não encontrou interlocutor válido, digamos assim.
Os telefones anunciados no site municipal tocavam mas ninguém atendia e um deles até era dado como não atribuído. A alternativa sugerida no site era ligar para a PSP mas de lá informaram apenas que ali não havia canalizadores, mas polícias.
Como cada vez mais me contam histórias de serviços públicos que não atendem ninguém, será que, com esta coisa toda da defesa dos animais, já estamos entregues aos bichos, salvo seja?
E por falar em Entroncamento, afinal o candidato do PS é mesmo aquele que tinha retirado a candidatura por o partido não o deixar escolher os outros elementos da lista, ou seja, o actual presidente, Jorge Faria. Há uns dias, na assembleia municipal, o Bloco de Esquerda tinha pedido mais iniciativas culturais e pimba, o PS deu-lhes teatro.
Com esta reviravolta o PS local também se remodelou. Quem manda lá agora é o presidente da câmara e não o seu chefe de gabinete, Ricardo Antunes, que ocupava o lugar de presidente da concelhia. Está tudo bem quando acaba em bem.
E há outra coisa importante para um partido que se apresenta sempre como moderno e arejado. Aquela coisa de ser o PS a escolher os elementos da lista do Jorge Faria era como aqueles casamentos à antiga em que é a família que escolhe a noiva para o filho. Triunfou o amor e isso é lindo.
Há tradições que não morrem como a dos políticos meterem a cabeça na areia quando estas coisas acontecem. O presidente da concelhia do PS, que até é chefe de gabinete do actual presidente, andou dez dias sem abrir o bico. O responsável pelas autárquicas no distrito, que foi chefe de gabinete, antes deste chefe de gabinete também emudeceu. Até cheguei a pensar que estavam à espera de um especialista em língua gestual para comunicarem as suas decisões aos eleitores.
A propósito de comunicação, tenho verificado que a maioria dos presidentes de câmara aqui da região não está nas redes sociais ou, quando está, não mete lá nada ou, se mete, é só para os amigos lerem.
Apoio aquela saudável decisão. Os que não publicam nada não poluem. Respeitam o ambiente. Os que publicam só para os amigos partem do bom princípio que os amigos é que os devem aturar e isso é sinal que se preocupam com a sanidade mental dos restantes cidadãos e isso é de louvar.
Já agora, os que mostram a toda a gente o que escrevem, mas depois andam de balde e esfregona digitais na mão, a limpar o que não é elogio, também têm que ser elogiados por terem sempre a casa arrumadinha e a brilhar.
Serafim, este é o segundo ano sem festas da cidade ou da aldeia, sem festivais do caracol ou das sopas, sem almoços anuais de reformados, nem passeio à praia, etc, etc, etc...e há uma coisa que me intriga. Se as câmaras municipais não fizeram nada disso porque é que gastaram tanto ou mais do que nos anos em que faziam isso tudo. Onde estará a ruptura???
Um abraço comunicativo
Manuel Serra d’Aire