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António Travessa e a paixão de coleccionar motas e bicicletas
António Travessa possui oito motas e 52 bicicletas e é um apaixonado por música

António Travessa e a paixão de coleccionar motas e bicicletas

Reformado de Foros de Salvaterra possui 52 bicicletas e 8 motas. A maioria das bicicletas recolheu-as do lixo.

António Travessa andava a trabalhar numa manhã de nevoeiro quando viu alguém deitar uma bicicleta para dentro de um buraco. Foi buscá-la e levou-a para casa. Precisou apenas de pneus novos e já pedalou com ela até Fátima várias vezes. O veículo é um dos que integra o acervo de 52 bicicletas e oito motas que o morador tem num barracão junto à casa em Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos.

António Travessa celebra 70 anos esta quinta-feira, 22 de Julho. A primeira bicicleta foi-lhe oferecida pelo pai quando tinha 16 anos. Foi também o pai que lhe comprou a primeira mota. Tinha 19 anos. Já quis vender tudo mas as filhas e os netos não deixam. A paixão pelos veículos de duas rodas começou na juventude mas só cerca dos 50 anos é que começou a coleccioná-los. Muitas bicicletas foram encontradas junto ao lixo e recuperadas pelo próprio.

No dia em que O MIRANTE foi a sua casa retirou as bicicletas e motas do barracão e perfilou-as no quintal. Penduradas no barracão ficaram apenas as bicicletas mais pequenas dos netos. As filhas, por vezes, pegam nas motas e vão dar um passeio.

A única bicicleta que guarda há mais de 30 anos é a ‘pasteleira’ que era do pai, onde não falta uma estridente buzina. A mota preferida da família é uma Honda mas a menina dos olhos de António é uma Piaggio cinzenta com uma capa protectora na dianteira, com a qual costuma participar nas concentrações de motas que se realizam na região. A sua esposa, Fátima, cinco anos mais nova, costumava acompanhá-lo. Era frequente, ao fim-de-semana, depois de almoço, partirem para um destino escolhido na hora. Agora, António Travessa passeia sozinho desde que a sua esposa teve um AVC (acidente vascular cerebral) em Dezembro do ano passado que a deixou acamada.

António Travessa tem quatro filhas, oito netos e três bisnetos, o último nasceu a semana passada. É frequente os mais novos irem buscar as bicicletas para passearem. O reformado, que trabalhou como motorista na Câmara de Salvaterra de Magos, descobriu entretanto outra paixão além dos veículos de duas rodas. Há cerca de dez anos que frequenta uma escola de acordeões em Salvaterra de Magos e a esposa Fátima é uma apreciadora dos seus dotes como instrumentista. Além do acordeão, António toca ainda gaita-de-beiços.

A sua vida não foi fácil. Fez a terceira classe e aos 13 anos já trabalhava a guardar ovelhas. Levantava-se às cinco da manhã para o gado pastar antes da hora de maior calor. Dormiu em barracas de madeira tapadas com chapa de zinco. Durante toda a vida trabalhou nos campos da região com tractores e máquina agrícolas. Perdeu a mãe aos 15 anos e tanto ele como os três irmãos tiveram que crescer depressa. A irmã mais velha ajudou a criá-lo. Em adulto fez questão de tirar a quarta classe. Chegou a produzir vinhos na sua terra e agora aproveita o hectare de terra que possui para plantar frutas e hortícolas. É ali que se entretém a passar o dia quando não cuida da esposa.

Centenas de recortes de reportagens de O MIRANTE guardadas

António Travessa é assinante de O MIRANTE desde 1994. Foi a filha Mónica que contactou o jornal depois de ter encontrado um papel escrito pelo pai, há vários anos, onde manifestava a vontade de um dia ser entrevistado pelo jornal. Quando fomos ao seu encontro mostrou-nos várias pastas onde guarda centenas de recortes de reportagens que O MIRANTE publicou ao longo dos anos. “Paixão pelas vespas já dura há mais de meio século” é o título que conta a história de Manuel Perpétua Coutinho, de Alpiarça, que aos 93 anos ainda andava de motorizada e que é o primeiro recorte de uma das suas pastas.

A entrevista ao campino que foi tractorista com António Travessa na Companhia das Lezírias; a entrevista a uma agente da GNR; a reportagem do jovem de Alverca do Ribatejo que pôs moçambicanos a pedalar ou a entrevista a Tina Jofre, de Constância, que começou a cantar e compor músicas depois do marido ter morrido num acidente de helicóptero que pilotava. “Alguns guardei porque conheço as pessoas, outros porque gostei das histórias. Gosto do jornal e por isso guardo as histórias que gosto de ler”, confessa.

António Travessa e a paixão de coleccionar motas e bicicletas

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