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Geração Z não quer um emprego fixo para a vida
Filipa Madeira. Alexandre Oliveira. Tiago Lopes

Geração Z não quer um emprego fixo para a vida

Os 18 anos significam o começo de uma nova vida mas ainda distante da entrada no competitivo mercado de trabalho. Actualmente o emprego não se imagina certo, estático nem efectivo. É a opinião de Filipa Madeira, Alexandre Oliveira e Tiago Lopes, três estudantes ribatejanos com quem O MIRANTE conversou a propósito do Dia Mundial das Competências dos Jovens.

Estabilidade é viver experiências diferentes

Filipa Madeira, 18 anos, concluiu o 12º ano, na área de Artes, e obteve uma média do ensino secundário de 16,7 valores. Vai candidatar-se à licenciatura de Design Global e conseguiu uma bolsa de mérito. Tem também integrado o quadro de mérito e excelência da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, em Santarém, onde tem sido a vice-presidente da associação de estudantes.

A jovem tem um percurso de vida muito próprio; não gosta de estar parada nem mesmo quando está de férias. Na conversa com O MIRANTE demonstrou que a dinâmica e a criatividade são duas das características que melhor a definem; a amabilidade também é um traço de personalidade que cultiva e que considera importante para a sua ligação com as pessoas.

Quando escolheu a área de Artes os pais ficaram surpreendidos e apreensivos. No entanto, a sua paixão falou mais alto e acabaram por aceitar e apoiar a decisão. Embora não saiba o que o futuro lhe reserva tem a certeza que vai lutar sempre para viver experiências enriquecedoras e que lhe formem o carácter. “Uma coisa é certa, não vou ter o mesmo emprego toda a vida”, garante.

Filipa Madeira conta que por vezes não tem mãos a medir com tanta tarefa: faz parte da organização do distrito de Santarém das Jornadas Mundiais da Juventude, que vão trazer o Papa Francisco a Portugal em 2023; é responsável de marketing e comunicação do Ricola, projecto de voluntariado onde renovam e remodelam casas de pessoas carenciadas; tem ainda uma loja online, Piqua Store, que vende bijuterias feitas com as suas próprias mãos. Ser voluntária em África também faz parte dos seus planos.

Estudou violino no Conservatório de Música de Santarém e chegou a ser chamada aos treinos da selecção nacional sub-19 de pólo aquático quando tinha 15 anos. Filipa Madeira lamenta que a equipa em Santarém tenha terminado e tem esperança de conseguir conciliar o curso com o desporto de que tanto gosta. Não tem namorado e, ao contrário das suas amigas, não se imagina a casar nem a ter filhos.

Aulas com muita teoria e pouca prática

Alexandre Oliveira é aluno do quadro de honra da Escola Secundária de Benavente. Tem 18 anos e uma média que ultrapassa esse número. Sonha ser gestor da sua própria empresa mas primeiro tem de ganhar experiência no mercado de trabalho. “Enquanto estudantes temos poucas competências práticas. Na disciplina de economia da minha escola, por exemplo, trabalha-se muito o teórico e não se aposta numa parceria, num contacto com economistas ou empresários para termos uma aproximação ao real”, lamenta a O MIRANTE.

O jovem residente no Porto Alto, que está a um passo de entrar no curso de Gestão na Universidade Nova de Lisboa, é da opinião que não basta proporcionar o acesso de todos à educação, é preciso também enquadrar os alunos na realidade do mercado de trabalho. “As escolas deviam preparar-nos melhor para as escolhas que temos que fazer nesta idade. Muitos de nós vão para um curso superior sem ter noção do que é, para que serve e que portas pode abrir”, diz. A única certeza que a maioria tem é que não vão ter, nem querem, um emprego para a vida e que muitos ponderam ir trabalhar para o estrangeiro depois da faculdade.

“Medicina, vai para medicina” é uma das frases que mais ouve dos seus familiares e amigos. Alexandre Oliveira diz que não compreende a visão da sociedade, que incita a que alguém vá estudar e passar a vida a fazer algo que não gosta. O mesmo alerta serve para a ideia errada de ter que se seguir o ensino regular para se ser bem sucedido no futuro. “Faz falta valorizar mais o ensino profissional”, diz, acrescentando que não são cursos fáceis e ausentes de mérito.

A necessidade de aprender sempre mais

Tiago Lopes, 17 anos, transitou para o 12.º ano do curso de Ciências e Tecnologia da Escola Artur Gonçalves, em Torres Novas. Com uma média de 19,4 valores é um dos alunos que integra o quadro de honra. As boas notas sempre foram uma constante no seu percurso, embora confesse que nunca foi aluno de dedicar muito tempo aos estudos. “O segredo é estar muito atento nas aulas para facilitar a tarefa em casa. Ter a matéria organizada é meio caminho para o bom aproveitamento”, afirma.

A participação em actividades extracurriculares, diz, também é muito importante para desenvolver a massa cinzenta; faz parte há vários anos do grupo de teatro e integra também os “Voluntários da Leitura”, um grupo que se desloca a creches e lares para ler aos utentes.

Sente-se como peixe na água em todas as disciplinas que envolvam matemática, por isso, no início do secundário, decidiu trocar a disciplina de Biologia por Economia e não se arrepende da escolha. Diz que ainda é cedo para pensar no futuro, focando-se apenas no presente e na procura de conseguir a melhor média possível para ingressar na faculdade. Embora sejam os números que o encantam, sabe que não pode colocar de parte as línguas. Recentemente inscreveu-se num instituto para aprender inglês e alemão. “Tudo o que possa complementar a aprendizagem acho importante; faz parte de mim querer aprender sempre mais”, refere.

Tiago Lopes diz não ter um método de estudo específico, embora com a exigência do secundário tenha começado a resumir diariamente a matéria. Os pais nunca tiveram de lhe “puxar as orelhas” para estudar porque, garante, tem gosto em aprender. Considera ainda que os vários professores que foram aparecendo ao longo do seu percurso escolar também são peças-chave no seu desenvolvimento pessoal e académico.

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