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Um serralheiro de Alverca apaixonado pelas artes
Manuel Antunes mostra à comunidade a sua exposição “Um voo de liberdade” até 1 de Agosto no Centro Cultural do Bom Sucesso

Um serralheiro de Alverca apaixonado pelas artes

Manuel Antunes é um rosto conhecido em Alverca que gosta de criar e dar a conhecer a sua arte, seja escultura, fotografia ou poesia. Muitos conhecem-no pelo “Manuel Fotógrafo” que durante anos retratou casamentos e baptizados enquanto era serralheiro na Mague. O Centro Cultural do Bom Sucesso recebe até 1 de Agosto uma exposição da sua autoria.

Um eterno inconstante que vive os sonhos e gosta de alimentá-los. Assim se descreve na primeira pessoa Manuel Antunes, 64 anos, um rosto conhecido de Alverca que se confessa um apaixonado pela escultura, fotografia e poesia.

Não vive nem pensa segundo os cânones dos outros e gosta de ser livre e expressivo. A sua melhor sensação de liberdade é arrancar estrada fora sem destino e apenas com a máquina fotográfica no banco do passageiro.

É dessas viagens que nasce muito do espólio fotográfico que a mostra “Um voo de liberdade” apresenta. Até 1 de Agosto o Centro Cultural do Bom Sucesso tem em exibição, com entrada livre, a primeira exposição de trabalhos de Manuel Antunes, que além de fotografias - algumas de uma Alverca de outros tempos - inclui também excertos de poesia e peças escultóricas realizadas pelo autor. “Sou uma pessoa que não consegue estar parada. Tenho de ter a minha cabeça sempre ocupada e se não o fizer é como se entrasse em depressão”, conta a O MIRANTE.

As gentes da cidade conhecem-no por “Manuel Fotógrafo”, porque durante anos ocupava os seus fins-de-semana a fotografar casamentos e baptizados que se realizavam na cidade enquanto durante a semana trabalhava na serralharia da Mague. Isto numa altura em que a fotografia era apenas analógica e cada rolo de 37 imagens custava os olhos da cara a revelar.

“Gosto de criar e ver os objectos nascer”

Natural de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, veio morar para Alverca há 57 anos. Está reformado mas entrou na Mague logo aos 15 anos para aprender serralharia e só saiu quando a empresa fechou. “Gosto de criar e ver os objectos nascer. Isso dá-me um gozo imenso. Era um trabalho duro mas a Mague era uma grande empresa”, recorda.

Foi nessa empresa que conheceu Domingos Duarte, que era o fotógrafo oficial da empresa e lhe introduziu os conceitos gerais da fotografia: a abertura, a velocidade do disparo e os Azo (actuais ISO). “Apaixonei-me completamente pela fotografia”, confessa. Rapidamente começou a fazer casamentos e baptizados. Foi também um dos primeiros a tirar fotos em reportagens do extinto jornal Notícias de Alverca.

“Dava-me alguma pica mas não tanta como isso”, confessa com um sorriso. Uma coisa é fotografar em trabalho, outra é fotografar em lazer, afirma. Seduz-lhe as imagens da natureza. O amigo Domingos Duarte é o seu fotógrafo de eleição. António Lobo Antunes a referência literária. A exposição inclui também alguns trabalhos de Domingos Duarte e de Fernanda Diniz.

“Quem não tem sonhos morre”

Parte do seu espólio pessoal de uma Alverca de outros tempos foi entregue à junta de freguesia. E está a preparar-se para ver a exposição ser colocada também no mercado da cidade em breve. “Infelizmente nos dias de hoje a vida de muita gente é feita de ilusão e ficção. Não sou contra as novas tecnologias mas as redes sociais criaram uma vida de ficção entre as pessoas. Vivem num mundo virtual e estamos a perder o nosso convívio e muita da afectividade que antigamente existia”, afirma Manuel, que não se considera um artista mas antes uma pessoa normal que sonha mostrar a sua criatividade. “E quem não tem sonhos morre”, lembra.

Gosta de Alverca e em particular do Jardim Álvaro Vidal. Mas não esconde que gostava de ver uma cidade melhor. “Alverca era uma terra onde toda a gente se conhecia e depois, com a evolução das sociedades, passou a ser um dormitório de Lisboa. O jardim de Alverca é o melhor sítio para fotografar mas tenho saudades do antigo. As quedas de água que lá existiam eram muito bonitas e destruíram tudo para meter um lago moderno que não é tão bonito como o anterior”, opina.

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