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No Ribatejo pegam-se os bois pelo rabo

A região é governada por um grupo de gente que se assemelha a um grupo de forcados que, por não pegarem os bois pelos cornos, andam a tourear a vida deles e a nossa.

A ideia de que no Ribatejo os bois pegam-se pelos cornos não serve de exemplo para nada. Sim, é verdade que os bois pegam-se pelos cornos mas é na arena. Querer consignar essa arte da coragem e da ousadia à vida social política cultural e económica do Ribatejo é tão enganador como vender vinho azedo dentro de uma garrafa com um rótulo novo da marca Cartaxo, Almeirim ou Tramagal.

O Ribatejo não tem região de turismo que é a indústria do presente e do futuro. Estamos colados ao Alentejo que já é uma marca fortíssima que tem tudo o que precisa para vencer; o mesmo com a região de turismo do Centro que despreza literalmente os concelhos do Médio Tejo. O Ribatejo, ao contrário, é um território por arrotear, sem mar e com a maior parte dos seus rios poluídos, incluindo o Tejo que deverá ser o rio mais desprezado do mundo. Não há palavras que expliquem tamanha irresponsabilidade na gestão do leito e das margens do rio Tejo e muito menos no desprezo pela qualidade e aproveitamento da água.

Tomar, a cidade mais bem gerida da região, acabou de dar um exemplo de gestão acima de todas as expectativas, apoiando as unidades de turismo de uma forma que faz jus à qualidade da mesma e responde com admirável gestão aos empresários que apostaram no território ribatejano a partir da cidade templária.

São exemplos raros na nossa região. Aqui, na vida pública, ninguém pega os bois pelos cornos, ao contrário daquilo que se apregoa. Talvez por cobardia, e sentimento de culpa, usamos uma expressão que é exactamente contrária aos nossos hábitos e costumes.

Somos uma terra de majestades nuas, políticos fraquinhos, que se perdem nos gabinetes ministeriais e acabam a almoçar nas cantinas de Lisboa; empresários espertos que sabem ganhar dinheiro mas não sabem viver para a comunidade nem tão pouco imaginam que ainda há quem não precise de viver de mão estendida.

Políticos sem sangue nas veias, gerindo dinheiro fácil do orçamento, rendidos à turba que os rodeia e os protege e ao serviço daqueles que lhes fazem lavagens cerebrais.

Sei que estou a ser injusto com alguns políticos da região que fazem a diferença como é o caso de Pedro Ribeiro, presidente da Câmara de Almeirim, Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, e Miguel Borges, presidente da Câmara do Sardoal. É gente séria que anda nesta vida há muitos anos e certamente não trabalham para um dia serem monta cargas num qualquer Governo do país. Mas é pouca, muito pouca, a diferença que fazem no meio da turba.

Esta história da nova NUT é areia para os nossos olhos. Daqui a uma dúzia de anos já metade de nós está na reforma. Precisamos de berrar agora, apoiar agora, jogar tudo por tudo agora, denunciar os manhosos agora, apertar o cerco aos contrabandistas agora. Amanhã já é tarde. Como toda a gente sabe 90 por cento dos forcados desistem de pegar toiros ao fim de três ou quatro anos e logo que constituem família.

A região é governada por um grupo de gente que se assemelha a um grupo de forcados que, por não pegarem os bois pelos cornos, andam a tourear a vida deles e a nossa. JAE.

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