A Unidade de Saúde Familiar (USF) Terras de Cira, de Vila Franca de Xira, tem apenas metade dos funcionários administrativos de que precisa ao serviço e, por isso, até final de Agosto não consegue abrir a porta aos utentes na hora de expediente. A maioria está a ser encaminhada para o também pressionado Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria.

O alerta foi deixado na última semana pelos profissionais da USF vilafranquense, que explicam que possuem entre dois e quatro elementos ao serviço quando, em circunstâncias normais, necessitariam de oito administrativos. A USF tem dez balcões e dois postos de backoffice que servem 18.500 utentes inscritos.

“Até final de Agosto teremos dois a quatro elementos no nosso secretariado e mesmo assim é-nos solicitada a colaboração constante com o centro de vacinação Covid aos fins-de-semana. Durante a semana a USF recusou-se dizendo que já não é fisicamente possível”, alerta a unidade de saúde em comunicado.

Segundo a USF, a situação é do conhecimento de toda a cadeia hierárquica e condiciona todo o tipo de operações com aquele centro de saúde, desde marcações a avisos aos utentes, reembolsos, pedido de médico, atendimento ao balcão e, até, abertura de portas. “Esta situação condiciona a vida das pessoas de Vila Franca de Xira, utentes e profissionais. E só no último mês foi autorizada a saída de cinco administrativos da USF sem substituição ou reposição”, lamentam.

Portas abertas com sacrifício dos trabalhadores

Os problemas de falta de pessoal não são novos na USF de Vila Franca de Xira. Já em Julho do ano passado o mesmo problema se colocou mas foram os trabalhadores a assegurar o serviço apesar das dificuldades. “Durante todo o ano de 2019, e parte de 2018, mantivemos a unidade aberta sempre com recurso a horas extraordinárias não remuneradas e com muito sacrifício. A partir de agora isso não será humanamente possível”, sublinham.

Outro dos problemas, alertam, é o facto dos funcionários que chegam à USF virem apenas de passagem, sem experiência em atendimento público. “Dão o seu melhor mas são sobrecarregados e saem. Não dá para disfarçar mais. Temos tentado mas não é possível dar uma boa resposta assim”, reforçam.

O assunto tem gerado descontentamento na comunidade, que pede soluções urgentes. Diariamente utentes estão a encontrar o centro de saúde encerrado e são obrigados a deslocar-se para a Póvoa de Santa Iria. O presidente da câmara, Alberto Mesquita, já conhece o problema e enviou um ofício à ministra da Saúde, Marta Temido, apelando a que o problema seja resolvido com a maior celeridade possível. “Os trabalhadores da saúde têm feito um trabalho notável e se assim não fosse as coisas seriam ainda mais complicadas”, elogia.

O MIRANTE questionou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre este assunto mas não recebeu qualquer resposta até à data de fecho desta edição.