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Kenpo une famílias na Sociedade Euterpe Alhandrense
A arte marcial de Kenpo, da Sociedade Euterpe Alhandrense, é praticada por cerca de uma centena de crianças, jovens e adultos

Kenpo une famílias na Sociedade Euterpe Alhandrense

Pais ficam em forma sem entrar no ginásio e aprendem e treinam a arte marcial ao lado dos filhos. A família de kenpocas de Alhandra tem uma centena de elementos. O kenpo é um bálsamo para o corpo e para a mente que dá destreza, fomenta o convívio e ajuda a combater medos.

O último treino do ano faz-se ao ar livre com o rio Tejo como paisagem de fundo. Os kenpocas posicionam-se num alinhamento perfeito, de máscaras no rosto e em silêncio. No meio do grupo está Miguel Gião, de nove anos, e Ana Margarida Paulo, de 41 anos, que decidiu juntar-se ao filho na prática de kenpo, uma arte marcial. O motivo? Passarem mais tempo em família e praticarem juntos o auto-controlo e desenvolvimento pessoal.

Miguel Gião iniciou-se no kenpo na Sociedade Euterpe Alhandrense, aos seis anos, idade considerada ideal para começar na modalidade. Aos poucos foi perdendo a timidez e abraçando sem medos os desafios desta luta que também se faz interiormente. Mas o melhor é, sem dúvida, “ter a mãe a treinar ao [seu] lado”.

O kenpo praticado pela centena de crianças, jovens e adultos da Sociedade Euterpe Alhandrense é de origem havaiana, uma linhagem que explora e considera fundamental o espírito de família (ohana). Não é por isso uma raridade haver netos a treinar com avós, filhos com pais, tios ou primos. “Por norma são os mais novos a desafiar os pais a vir treinar e quando isso acontece é espectacular. As pessoas estão cada vez mais egoístas e passam menos tempo em família deixando os filhos agarrados aos telemóveis”, diz a O MIRANTE, o sensei (treinador) Pedro Porém.

As crianças e jovens, refere o sensei, de 49 anos, “têm cada vez menos destreza física” e é preciso desafiá-las. “Subir a uma árvore é considerada uma actividade radical quando noutros tempos era o normal. Ganharam-se medos e aqui ajudamos a combatê-los”, sublinha. No caso de crianças mais mexidas, acrescenta, do que precisam não é do rótulo “sofre de hiperactividade” mas de gastar a energia que têm armazenada e “desenvolver aptidões e valores como o respeito, a cordialidade, camaradagem, solidariedade e o autocontrole”.

Uma luta onde todos ganham

Fernanda Capela, 46 anos, é praticante há 21 anos e uma das alunas mais assíduas. É à kenpoca, natural de Vila Franca de Xira, que o sensei confia a aula enquanto nos fala dos benefícios desta arte marcial. Quem olha para a execução [para nós] perfeita dos seus movimentos coesos e carregados de energia, não adivinha que chegou ao treino mentalmente exausta depois de um dia de trabalho.

“Acabamos por ter uma vida cada vez mais stressante, mas quando estamos aqui esquecemo-nos de tudo. O kenpo ajuda a curar e quando saímos daqui vamos a pensar no problema já com uma solução”, conta Fernanda que há duas décadas esteve indecisa entre o kenpo e ir para a ginástica aeróbica com amigas.

Mais do que praticar exercício físico ou uma modalidade para estar em forma, Pedro Porém defende que “o que interessa é trabalhar o interior”. E o kenpo, sustenta, “é uma óptima ferramenta para trabalhar de dentro para fora”, ou seja, da mente para o corpo. Como? A ensinar limites, a desenvolver a auto-estima, auto-confiança, a “dotar o praticante de aptidões que o tornam mais equilibrado, tolerante, saudável e pacífico”. E como longe vai o tempo em que “havia a ideia que a arte marcial era um desporto violento hoje são os psicólogos e médicos a receitar a prática de artes marciais”, precisamente por conseguirem trabalhar a parte física, mental e espiritual.

“Luta-se para se fazerem campeões da vida”

Para Luís Dias, de 45 anos, “o kenpo é uma filosofia de vida que ajuda a ter um foco, um propósito para desenvolvermos as nossas competências”. Durante os anos em que competiu, fê-lo em países como Espanha, França e Escócia. Hoje é árbitro de provas nacionais e internacionais e serve de exemplo e motivação ao filho, Afonso Dias, que aos 14 anos já participou em três campeonatos nacionais, dois dos quais medalhados com um terceiro e segundo lugares.

Para Luís, Afonso, Ana Margarida, Miguel e Fernanda os palmarés não são o mais importante. Nas aulas de kenpo da Sociedade Euterpe Alhandrense, sublinha o sensei, “luta-se para se fazerem campeões da vida”.

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