António Castelo é um ás a vender carros
Começou a trabalhar aos sete anos na agricultura, foi bate-chapas, serralheiro e servente de obras. Mas o sonho de António João Castelo era outro: ser vendedor de automóveis. Há 30 anos foi admitido na Roques Vale do Tejo e é actualmente o chefe de vendas de automóveis usados. Numa venda diz que não se discutem preços mas qualidade e que o segredo é a honestidade.
O telefone está sempre por perto e não pára de tocar. De auriculares nos ouvidos, António João Castelo atende um cliente depois um colega de trabalho sem nunca perder a simpatia e profissionalismo que o caracterizam. Está no sector da venda automóvel há 30 anos, na Roques Vale do Tejo, a distribuidora da marca Renault mais antiga da Península Ibérica, sediada em Santarém. Se é apaixonado por carros? “Nem pensar, a paixão é por conseguir fazer uma boa venda”, ou seja, “encontrar o carro certo para cada pessoa”.
Entre as várias opções de escolha o olho do cliente nem sempre acerta no automóvel mais indicado para as suas necessidades. “Estou cá para o fazer acertar, através daquelas que são as suas rotinas, os quilómetros que faz, se é para uma família com crianças. Tudo conta”, explica, sublinhando as vantagens da aposta num semi-novo da marca Renault que inclui uma garantia suplementar. Às variedades de marcas de automóveis, António João Castelo junta-lhe a sua simplicidade e experiência. “É deixar o cliente respirar, avaliar, conduzir o carro nas nossas instalações, até porque a maior parte das vendas não se fecham na hora. Não faz parte de mim forçar a venda ou impingir um automóvel”, diz
“Não discuto preços, discuto qualidade. Não tenho dúvidas que fecho uma venda não pelo preço do carro mas pela minha simpatia e serviço pós-venda que a empresa presta”, vinca, acrescentando que ainda há no sector quem tente vender banha da cobra. “Garantir que um carro não vai dar problemas é o mesmo que o cliente garantir que amanhã não lhe vai doer a cabeça” por isso a garantia que António João dá é outra: “Estarei cá para encontrar a melhor solução sempre que o cliente precisar”.
Uma vida de trabalho que começou aos 7 anos
António João Castelo considera-se um viciado em trabalho que não sabe dizer não a um cliente que precise da sua ajuda ou lhe peça para ver um carro fora de horas ou ao fim-de-semana. Já entregou carros no dia de Natal e na passagem de ano. No dia do nascimento do primeiro filho saiu do hospital para uma reunião que durou o dia todo. “Ainda hoje a minha mulher reclama comigo por causa disso”, diz entre risos, partilhando que é capaz de ir ao cinema e sair sem saber como acaba o filme por estar a pensar nas tarefas que tem para fazer no dia seguinte. “A gratidão que sinto da parte dos meus clientes compensa tudo isso. Não há melhor do que gostarmos do que fazemos e sermos reconhecidos por isso”, afirma.
O sentimento de gratidão e a sua simplicidade são a herança de uma vida de trabalho que começou aos sete anos nos campos agrícolas de Alpiarça, vila de onde é natural. Filho único e sem pai desde essa idade, acompanhava a mãe na apanha do tomate porque precisava de ganhar dinheiro para pôr comida na mesa. “Ainda hoje me custa lembrar esses tempos em que era a única criança no campo a trabalhar enquanto outros brincavam”.
Também os livros lhe foram tirados demasiado cedo. Aos 12 anos abandonou a escola, que retomou anos mais tarde em horário pós-laboral. Foi serralheiro, bate-chapas e servente de obras. “Ainda hoje peço o que pedia nesses tempos difíceis: trabalho e saúde”. O resto, acredita, vem por acréscimo.