Pé de guerra na União Distrital das IPSS
Vários elementos da direcção e de outros órgãos sociais demitiram-se ao fim de meio ano de mandato, forçando a realização de eleições, marcadas para 18 de Setembro. Conflitos insanáveis e guerras de poder estão na origem de mais uma crise.
Vários elementos da direcção da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) de Santarém e membros de outros órgãos sociais apresentaram a sua demissão ao fim de meio ano de mandato devido a conflitos internos. Fontes conhecedoras do processo apontam o dedo à presidente da direcção, Sónia Lobato, dizendo que gere a organização de forma “arrogante” e “prepotente”.
Sónia Lobato repudia essa adjectivação, embora admita que é “teimosa e determinada” e confirma “conflitos insanáveis” com alguns membros da direcção, designadamente com a vice-presidente e o tesoureiro. “Não foi possível trabalhar com esta equipa”, diz a dirigente, lembrando que parte desses elementos já estava na anterior direcção, que também só durou cerca de meio ano.
Quem está numa posição mais moderada diz que era impossível garantir uma gestão pacífica da UDIPSS face ao extremar de posições, pelo que o melhor é baralhar e dar de novo. A onda de demissões, que, além de praticamente toda a direcção, com excepção da presidente, envolve também elementos da assembleia-geral e do conselho fiscal, obriga à realização de novas eleições, marcadas para 18 de Setembro. Sónia Lobato assume que se vai recandidatar. “Desta vez vou ser eu a escolher a equipa”, ressalva. Do outro lado contam-se espingardas e é possível que a actual presidente não concorra sozinha.
Fonte conhecedora do processo diz que estes conflitos de egos e guerras de poder na UDIPSS, que já vêm do tempo da anterior direcção, transmitem uma imagem negativa de uma organização que devia ser um emblema da solidariedade, do desprendimento e do sentido de serviço. “A UDIPSS tem de estar acima de questões menores e pessoais e tem de perceber os problemas globais das IPSS do distrito”, afirma a mesma fonte, que pediu para não ser identificada, referindo que houve falta de humildade, falta de diálogo e de concertação de posições entre vários elementos da direcção. “Perante tanta falta de confiança mútua o normal era a direcção cair”, considera.
Duas direcções que duraram meio ano
Recorde-se que a anterior direcção da UDIPSS teve também vida efémera e seis meses após a tomada de posse o presidente, Hilário Teixeira, demitiu-se. Em nota enviada a O MIRANTE na altura, o presidente demissionário lamentava a resistência interna às mudanças que estavam em curso e que acabou por ter “mais força”, inviabilizando a concretização dessas mudanças.
Hilário Teixeira foi eleito presidente da direcção da UDIPSS de Santarém a 6 de Junho de 2020 tendo substituído Eduardo Mourinha que esteve no cargo durante cerca de 10 anos. Os órgãos sociais demitiram-se no fim desse ano. A UDIPSS de Santarém realizou novas eleições a 8 de Janeiro de 2021 tendo sido eleitos para a presidência da direcção Sónia Lobato (presidente do Lar Evangélico Nova Esperança em Alcanhões), para a presidência do conselho fiscal António Mor (director do Centro Social do Pego) e para a presidência da mesa da assembleia-geral Helena Carona (presidente da INCLUIR). Os novos órgãos tomaram posse a 13 de Janeiro de 2021.