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As aventuras na linha de Azambuja e a fecundação como desígnio nacional

Intrépido Manuel Serra d’Aire

Este ano vou a banhos para o Algarve para tentar fugir desta malvada nortada e tenho andado a desenferrujar o meu inglês para não fazer má figura. Por um lado, pedir uma cervejola numa esplanada na língua de Shakespeare dá logo direito a atendimento VIP; por outro lado, aproveito para me adaptar à onda de anglicismos que nos invadiu desde há uns anos, graças sobretudo aos magos da gestão, da economia e da alta finança que tão bem têm tratado deste país.

A mania das inglesices chegou a tal ponto que o plano nacional de vacinação contra a Covid-19 tem a coordená-lo uma task force (não confundir com tasca de força). Uma designação destas dá um prestígio do caraças e há até quem se benza e ajoelhe quando ouve soar o britânico nome de tão veneranda entidade. Quem é que ousa colocar em causa a competência de uma estrutura que dá pelo nome de task force? Ainda para mais comandada por um vice-almirante?

Portugal perdeu população na última década e assim vai continuar pelo que se vai vendo, porque os nascimentos são cada vez menos e os imigrantes não dão para disfarçar tudo. E os nossos políticos e especialistas vão-se entretendo na busca de causas e bodes expiatórios quando a solução, afinal, é tão simples e básica: basta fecundar mais! A fecundação, aliás, devia ser um desígnio nacional, como são o futebol e a fuga ao fisco, por exemplo. Fecundemos pois como se não houvesse amanhã!

O teu último email deixou-me sem dúvidas: andar de comboio na linha de Azambuja pode ser uma experiência irrepetível. Depois do episódio de sexo a três amplamente divulgado na Internet, agora foi uma cena de acção em que uma mulher polícia pontapeou nos tintins um maganão que queria viajar sem bilhete. Um episódio que deve ter sido bastante aplaudido pelos movimentos feministas e fortemente condenado por organizações pacifistas, pelo abuso da força policial, ainda para mais aplicada numa zona tão sensível da anatomia masculina.

A CP, se tivesse algum jeitinho para o negócio, promovia a linha de Azambuja como um destino de emoções fortes, de aventuras radicais e inesquecíveis, ao nível da mais sinuosa das montanhas-russas. Um passageiro sabe como entra, mas nunca sabe o que vai acontecer durante a viagem nem em que estado vai sair dela.

Por último quero manifestar a minha solidariedade à candidata do Chega à Câmara da Golegã, que tem sido alvo de bullying (lá está o inglês!) e de brincadeiras de mau gosto a pretexto do visual flamejante da dona Flávia Reis. Este povo nunca está satisfeito. Queixa-se que os políticos são todos uns cinzentões sem graça nenhuma e depois quando aparecem candidatos, neste caso uma candidata, com atributos que acredito merecerem a confiança de boa parte do eleitorado, começam logo a deitar abaixo. Cambada de invejosos!

Um caloroso abraço do Serafim das Neves

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