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Nuno Falcão Rodrigues: “Com a pandemia tivemos que nos tornar mais criativos e inovadores”
Nuno Falcão Rodrigues é o enólogo e proprietário da Quinta Casal da Coelheira, no Tramagal, concelho de Abrantes

Nuno Falcão Rodrigues: “Com a pandemia tivemos que nos tornar mais criativos e inovadores”

Nuno Falcão Rodrigues, enólogo e proprietário da Quinta Casal da Coelheira, Tramagal.

Nuno Falcão Rodrigues tem 50 anos e é o proprietário e enólogo da Quinta Casal da Coelheira, em Tramagal, concelho de Abrantes. Desde criança que sempre quis ter uma vida ligada ao mundo agrícola mas a paixão pelos vinhos só surgiu já no início da idade adulta. Considera que a região do Tejo tem vinhos de excelente qualidade e uma nova geração de enólogos que apostaram na qualidade e excelência. Diz que a pandemia trouxe coisas boas ao negócio. Nos tempos livres pratica vela e gosta de jardinar.

Sempre vivi no campo e desde criança que quis seguir uma vida agrícola. Todos os meus avós eram pequenos agricultores. Os meus avós paternos, que viviam na Serra da Estrela, tinham uma pequena vinha mas como só lá ia nas épocas festivas não tive grande contacto com a vinha. Apaixonei-me pela vinha quando os meus pais compraram a Quinta do Casal da Coelheira e comecei a acompanhar todo o ciclo da produção de vinho.

Os vinhos do Tejo têm hoje um leque muito largo de produtores a produzir grandes vinhos. A região do Tejo tem vinhos de excelente qualidade mas ainda não se dá o mesmo valor que aos vinhos de outras regiões do país. A realidade tem mudado e evoluído nos últimos dez anos graças a uma nova geração de produtores e enólogos que apostaram na qualidade e excelência.

Este é um negócio de família mas vou deixar que os meus filhos façam as suas próprias escolhas. Quando a minha filha mais velha estava na fase de escolher as áreas escolares que deveria seguir cometi o erro de lhe incutir alguma pressão para que viesse para esta área. Percebi a tempo que estava a ser injusto com ela e que a devia deixar livre para escolher o que quisesse. Está a tirar veterinária e quando está connosco pede-me livros da minha biblioteca sobre vinhos. Eles têm que fazer o próprio caminho.

A minha infância foi muito diferente da infância e adolescência dos meus filhos. Além da minha filha, que tem 20 anos, tenho mais um rapaz, de 16 anos. A minha infância era passada na rua a brincar com os amigos. Nas férias de Verão ficávamos até mais tarde na rua, sempre na brincadeira. Com as novas tecnologias os mais jovens têm acesso a muita coisa mas estão também muito dependentes do telemóvel.

Há mais qualidade de vida no meio rural. Hoje chego a Lisboa e assim que entro na segunda circular fico doente por causa do trânsito. As pessoas perdem muito tempo no trânsito. Vivo em Abrantes e trabalho no Tramagal e consigo ir almoçar a casa quase todos os dias, o que me permite uma maior ligação com a família e aquele bocadinho é importante para desligar da rotina do trabalho.

Com a pandemia tivemos que nos reinventar, tornámo-nos mais criativos e inovadores. A pandemia trouxe coisas boas nos negócios. O Casal da Coelheira cresceu 20% em 2020. Fiz 10 sessões de provas de vinhos online para a Bélgica que envolveram cerca de 200 pessoas. Eles tinham lá o meu vinho e assistiam ao que eu ia dizendo e provavam. Os negócios foram feitos online e não foi necessário perder tempo em viagens.

Adoro praticar vela. Comecei por incutir esse gosto nos meus filhos, porque quando estou na praia não gosto de estar parado e acabei por ficar também praticante. Quando não vamos para São Martinho do Porto praticamos no rio Tejo, em Abrantes. Também gosto de jardinagem. Faz-me desligar do stress do trabalho.

A viagem dos meus sonhos foi a minha lua-de-mel. Fomos para o México e foi a mais especial. O México tem o lado das praias mas também tem a parte cultural e encanta-me a cultura Maia. Adoro história e gostava muito de ir ao Egipto. Só tenho que ultrapassar o medo que ganhei a aviões depois de muitas viagens atribuladas.

Não suporto falhas de compromisso. Prefiro que me digam que não consigo do que me digam sim e depois tenho que andar atrás da pessoa para que ela cumpra com o que se comprometeu. Quando digo sim ninguém precisa de voltar a perguntar, porque cumpro com o que digo. Tira-me o sono ter que conseguir chegar a todo o lado e cumprir com os meus compromissos. Sou um bocadinho stressado com o trabalho porque gosto das coisas bem feitas.

Nuno Falcão Rodrigues: “Com a pandemia tivemos que nos tornar mais criativos e inovadores”

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