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Pagar para nos elogiarem e aumentar a população metendo o Censos em tribunal

Incandescente Serafim das Neves

Foi posto à venda um Livro dos Elogios e qualquer um pode comprá-lo. Os Bombeiros Voluntários de Vila Nova da Barquinha foram os primeiros aqui da região. Ainda não os elogiei mas não tarda nada. Mesmo vivendo longe sempre gostei dos Bombeiros de Vila Nova da Barquinha, como sabes.

O livro custa 20 euros, se for em papel, e 35 euros, menos 5 cêntimos se, para além do papel, quisermos que também registe elogios online. A minha avó costumava dizer que até de cascas de alhos se fazem negócios. Era sábia a minha avó, mas morreu pobre. O Livro dos Elogios não é feito de cascas de alhos mas dá dinheiro a quem o criou e vende.

Ontem já se tinham vendido mais de mil. Daqui a uns dias serão cem mil ou mais de um milhão. Quem é que não quer ter um livrito daqueles para que familiares e amigos ali registem aquelas coisas que tanto gostamos de ler e ouvir?

O lançamento do Livro dos Elogios aparece na altura certa. O Livro de Reclamações já enjoa. É sempre a mesma coisa e já ninguém liga. São os chatos do costuma a dizerem mal de tudo e de todos. O Livro dos Elogios vai ser o grande sucesso de vendas de Verão. Se não revitalizar a economia vai andar lá perto.

O presidente da Câmara de Almeirim, por exemplo, não deve comprar nenhum exemplar porque tem o Facebook a transbordar de elogios. Era chover no molhado, como se costuma dizer. O militar das vacinas também não vai gastar dinheiro com aquilo. Para ter elogios bastam-lhe os jornalistas e comentadores. Mas há quem não tenha dinheiro para dar subsídios ou farda de camuflado tão janota como a do vice-almirante Gouveia e Melo.

O Livro dos Elogios vai ter um grande efeito positivo nas empresas. Vão ser todas maravilhosas, eficazes, lindonas, bem organizadas, fantásticas, enfim, as melhores do mundo e arredores. Com os elogios e a bazuca da União Europeia ou entramos para o G7 ou entramos em órbita.

Começaram a ser divulgados alguns dados dos Censos e já há câmaras e juntas de freguesia a dizer que aquilo está tudo errado. A mim também me pareceu exagerado termos perdido tanta gente. Como é que aquilo pode ser verdade se eu continuo a ver as mesmas pessoas cá na terra? É verdade que sempre vai morrendo uma ou outra, mas nada daquele exagero. Além disso é uma injustiça que cães e gatos, que são como nossos filhos e netos, não sejam contados como pessoas.

Espero bem que, como é habitual, os autarcas recorram aos tribunais para repor a verdade. Primeiro porque a perda de população fica suspensa durante os anos que durarem os processos e depois porque, se os tribunais lhes derem razão, voltamos a ter o interior povoado...e sem necessidade de imigrantes, nem de fazermos bebés.

A campanha eleitoral para as autárquicas tem andado afastada dos meus caminhos. Um cartaz ou outro nas rotundas e pouco mais. Como evito as redes sociais sinto-me mesmo bem. Já lá vão os tempos em que as campanhas eleitorais eram tão agressivas e barulhentas que até dava vontade de me abster. O meu único medo é que a rapaziada volte do Algarve com ganas de se auto-propagandear.

Um abraço autárquico

Manuel Serra d’Aire

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