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Tiago Matos trabalha para chegar aos Jogos Olímpicos de París
Arqueiro Tiago Matos, que conquistou a melhor classificação portuguesa de sempre no Campeonato Mundial Jovens de Tiro com Arco, sonha participar nos Jogos Olímpicos

Tiago Matos trabalha para chegar aos Jogos Olímpicos de París

Tiago Matos encontrou no tiro com arco o seu desporto depois de ter experimentado outros desportos. Tem-se dedicado a tentar obter os melhores resultados para o seu concelho e para o país. Falhou o apuramento para os Jogos Olímpicos mas como sabe que para se atingirem resultados é preciso muito trabalho já se está a preparar para os próximos olímpicos.

Tiago Matos jogou futebol, passou pelo hóquei em patins, pela esgrima e depois pela natação. Acabou por acertar no alvo do tiro com arco, modalidade em que se tem destacado. De todos os deportos, o tiro com arco é o que lhe dá mais emoção e aquele onde tem mais jeito. Mas a habilidade por si só não chega e nada se fez de bem sem esforço. Aos 19 anos, o arqueiro que acaba de regressar do Campeonato Mundial Jovens de Tiro com Arco com a melhor classificação portuguesa de sempre (nono lugar) é o exemplo de disciplina, foco, dedicação e paixão pelo que faz.

Numa conversa que decorreu no parque ribeirinho de Samora Correia, cidade que a sua família escolheu para viver, o jovem atleta ainda vem com a adrenalina no corpo. “Estou muito satisfeito com a minha prestação. Não esperava uma classificação tão alta a nível mundial”, afirma, assegurando que já está focado na próxima prova, o Mundial de Tiro com Arco que se realiza em Setembro nos Estados Unidos da América.

Tiago Matos compete pela selecção nacional e pelo Sporting Clube de Portugal num percurso que começou no CD Sintrense. É vice-campeão de sala em seniores e tentou, em Julho, a qualificação para os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio. Falhou no último torneio, mas mantém vivo o sonho de se tornar atleta olímpico em 2024. “É o meu sonho e vou lutar por ele. Acredito que tenho capacidade para ir mais longe”, afirma.

Alto rendimento ainda é desvalorizado

A família apoia-o desde o dia em que disse que queria ser arqueiro e para ele “não há nada mais importante que isso”. O tiro com arco não deixa de ser um desporto que se faz de “arma nas mãos” e, reconhece, poderá haver pais que não o achem seguro. Mas não é por essa razão que os arqueiros são escassos em Portugal. É porque se valoriza pouco o desporto no geral e se olha mais para o futebol”. Atleta de alto rendimento e em simultâneo estudante de informática de gestão, admite “o medo de não conseguir encontrar um trabalho que consiga conciliar com os treinos e provas”.

Por amor a uma “modalidade pouco reconhecida” Tiago Matos gostava de conseguir ajudar a popularizar o tiro com arco, mas para isso “é preciso mostrar primeiro que os praticantes têm qualidade e conseguem alcançar bons resultados lá fora”. Depois, adverte, não se pode pensar em impulsionar o que quer que seja se não existirem condições para tal. “Não se faz crescer a modalidade se não existirem campos para treinar”, elucida. O arqueiro tem de se deslocar seis vezes por semana de Samora Correia para o Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Lisboa, para treinar durante cinco horas. Quando vai de férias ou não consegue ir a Lisboa, tem de improvisar alvos, até mesmo dentro de casa. Por ser segundo no ranking nacional de seniores já tem vaga na final do campeonato nacional de campo.

Abdica de sair com amigos e já adormeceu nas aulas

Tímido, mas focado nos seus objectivos desportivos, Tiago Matos não é de sair com amigos nem de se perder em namoros de juventude. O amor é um alvo ao qual ainda não apontou. O motivo? “Falta de tempo, talvez”, diz entre risos. Na alimentação não entram gorduras, açúcares, refrigerantes nem bebidas alcoólicas e vai ao ginásio três vezes por semana.

Não é aluno de queimar as pestanas. Já adormeceu numa aula devido ao cansaço dos treinos e diz ser “muito agradecido” aos professores que compreendem “o que é ser atleta de alto rendimento” e alteram os testes ou lhe dão uma segunda data para os realizar.

Material de oito mil euros

Flechas, uma aljava (onde se guardam as flechas), dois arcos, uma dedeira para proteger os dedos, uma martingala para o arco não cair, uma protecção de braço, uma mira e um estabilizador. É este o material que vai com Tiago Matos para todas as provas. Custou cerca de oito mil euros e foi inteiramente financiado pelos seus pais.

Atleta sem superstições

Para Tiago Matos a confiança não depende da superstição, por isso, não aposta em nenhum amuleto ou ritual antes das provas. A única rotina que cumpre é ouvir música, “quase sempre RAP”, para acalmar os nervos. Durante a prova, deixa de “ouvir os barulhos à volta” para se focar nos movimentos que requerem força e precisão.

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