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A história do menino Salvador de Tomar que perdeu a mãe e resolveu escrever um livro
Salvador Franco (na foto com o pai, Hélio Franco) escreveu o livro "O Peixinho Chico" para homenagear a sua mãe, Vera Dinis, que faleceu com cancro de mama

A história do menino Salvador de Tomar que perdeu a mãe e resolveu escrever um livro

Salvador Franco tinha oito anos quando perdeu a mãe que morreu com cancro da mama aos 38 anos. O menino de Tomar decidiu escrever um livro para homenagear Vera Dinis e o dinheiro angariado com a venda de “O Peixinho Chico” reverte para a Operação Nariz Vermelho, uma organização conhecida por levar palhaços aos serviços de pediatria dos hospitais. Salvador já terminou outra história que também quer publicar. O pai, Hélio Franco, pretende dar vida a todos os sonhos do filho, de quem sente um orgulho imenso.

Alguns dias depois de Vera Dinis dar à luz o seu filho, Salvador, os médicos detectaram-lhe cancro de mama. O facto de não conseguir amamentar o bebé por causa de fortes dores no peito levaram a fazer exames que diagnosticaram a doença. Os momentos que deveriam ser de felicidade transformaram-se em angústia e preocupação. O marido, Hélio Franco, foi incansável para que nada faltasse à esposa. O primeiro tratamento de quimioterapia aconteceu a 13 de Maio de 2011, três meses depois de o filho ter nascido. Seguiram-se anos de luta de uma família sempre unida e que nunca baixou os braços à luta.

Hélio Franco, de 43 anos, recorda os momentos de felicidade até o chão lhe fugir dos pés quando os médicos do Instituto Português de Oncologia (IPO), em Lisboa, dão a notícia do cancro da esposa. Vera Dinis lutou até perder a batalha contra a doença, em Março de 2019. Tinha 38 anos. “Foi uma lutadora até ao último momento. Quando conheci a Vera e quando nasceu o meu filho Salvador pensava que finalmente tínhamos tudo para sermos felizes. O trabalho corria bem, tinha uma mulher que amava e que me amava e tínhamos um filho, além das minhas duas filhas mais velhas e da filha da Vera. Éramos uma família feliz. Quando descobrimos a doença da minha esposa foi devastador”, conta a O MIRANTE.

Pasteleiro de profissão e formador dessa área no Instituto de Emprego e Formação Profissional em Tomar, onde vive, tudo tem feito para que nada falte ao filho Salvador, de 10 anos, que perdeu a mãe quando tinha apenas oito anos. Quando o filho decidiu escrever um livro para vender com a receita a reverter para a Operação Nariz Vermelho, do IPO, embarcou na aventura. Salvador quer com este livro homenagear a mãe. “O Peixinho Chico” conta a história de três peixes, inspirada numa situação real que se passava no aquário da sua ama, Rosário, onde Salvador passa algum do seu tempo.

O menino quer, com a sua história, alertar para a necessidade de não se praticar bullying. “Devemos tratar bem as pessoas e construir amizades porque senão ficamos todos um bocadinho solitários. Nunca sofri de bullying mas já assisti a algumas situações e não gosto do que vejo. Temos que ser bons uns para os outros”, afirma Salvador a O MIRANTE. A história foi escrita no computador e inicialmente foram editados cerca de duas dezenas de livros para os amigos e a família.

“Entretanto, quem leu a história começou a incentivar-nos para editarmos mais e foi aí que o Salvador teve a ideia de tornar o livro solidário”, explica Hélio Franco, acrescentando que criaram uma parceria com a papelaria O Principezinho, no Entroncamento. Até agora já venderam mais de meio milhar de livros e entregaram cerca de dois mil euros à Nariz Vermelho.

Salvador, que joga futebol no União de Tomar, já tem outro livro escrito, que desta vez conta a história de uma princesa capturada por um feiticeiro. Só falta corrigir e ilustrar. Hélio vai dar tudo para dar vida aos sonhos do filho que sonha um dia ser escritor, biólogo marinho ou futebolista. “Quero continuar a escrever e ser feliz”, conclui com um sorriso no rosto.

A história do menino Salvador de Tomar que perdeu a mãe e resolveu escrever um livro

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