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Bancas de jornais em Abrantes resistem à custa dos jogos
Anabela Duarte. Pedro António com o seu pai. Francisco Quina e a filha, Rita Quina

Bancas de jornais em Abrantes resistem à custa dos jogos

O declínio da venda de jornais e revistas trouxe mudanças para quem vive do negócio das notícias. O MIRANTE foi conhecer três proprietários de estabelecimentos do concelho de Abrantes que se readaptaram aos tempos. A venda de jogos da Santa Casa é que faz entrar pessoas nos estabelecimentos e interessarem-se pelas publicações.

A venda de jornais e revistas tem sido cada vez mais fraca para os lados da estação de comboios do Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes. Quem o diz é Rita Quina, que desde há três anos está a ajudar no negócio dos pais. “Tivemos o quiosque da estação durante 27 anos, mas deixou de compensar com a falta de comboios e dos militares que apanhavam o transporte”, conta. O café ao fundo da rua, do qual são proprietários, foi a solução encontrada pelo pai. Francisco Quina fechou as portas e reabriu o quiosque dentro do café. “É melhor assim em termos de custos e porque uma coisa puxa a outra. Quem vem beber café acaba sempre por levar o jornal e uma raspadinha”, explica a comerciante.

Os jornais desportivos não se vendem tanto como os diários e as revistas cor-de-rosa vendem um pouco mais. Ainda assim, se não fosse o jogo, como as raspadinhas, placard ou o euromilhões não compensava porque “isto dos jornais dá muito trabalho e pouco dinheiro. As margens são muito pequenas”, garante. O jogo é o rei e a comerciante admite que conhece alguns viciados. “No início fazia-me alguma confusão ver o dinheiro que algumas pessoas gastam aqui, mas agora já nem ligo”, desabafa Rita Quina que, aos 38 anos, já se imagina a dar seguimento ao negócio dos pais.

Quem entra pelo café de Anabela Duarte, ao lado do mercado do Tramagal, encontra logo as revistas e jornais à entrada, mas “as vendas são muito fraquinhas, as pessoas querem mais o online”, garante a proprietária. Vai conciliando os jornais com o que vende no café, mas também considera que não compensa. “O que eu queria era ter os jogos da Santa Casa, mas é difícil conseguir”. Num meio pequeno como o Tramagal os clientes já são conhecidos e já sabe o que o cliente quer, assim que ele chega. “Tenho o café há 25 anos e nem se compara as vendas da altura. Tive empregada, mas agora já não compensa e com a pandemia agravou mais”, desabafa a comerciante de 49 anos.

Tal como Rita Quina, também Pedro António faz parte da nova geração que pretende dar continuidade ao negócio do pai. No centro de Abrantes é frequente vê-lo entre os dois negócios familiares, a papelaria e a pastelaria. “A papelaria está completamente arrasada e a livraria também, inclusivamente deixámos de ter livros escolares. As grandes superfícies ficaram com tudo. O forte hoje em dia é o jogo. Os jornais, com as novas tecnologias, também têm vindo a diminuir as vendas em banca e a pandemia acentuou mais a queda da procura pelos jornais e revistas”, explica o comerciante.

Quem mais compra os diários e os semanários, sobretudo aos fins-de-semana, são as pessoas mais velhas. Quanto às revistas as preferências têm vindo a mudar-se para as publicações que se dedicam a palavras cruzadas e jogos de memória, conta Pedro António. Também este comerciante deposita a esperança da manutenção do negócio nos jogos, que levam as pessoas ao estabelecimento e atrás de um euromilhões ou um totoloto pode sempre haver quem leve um jornal ou uma revista. Pedro António também conhece alguns viciados e diz que as mulheres são mais viciadas do que os homens, normalmente senhoras a partir dos 50 anos. “Chegam, encostam-se e é até acabar o vício ou o dinheiro que reservaram para o jogo”, conta.

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