Concelho de Ourém tem dez mil pessoas sem médico de família
O concelho de Ourém, segundo o presidente da câmara, tem cerca de 10 mil utentes sem médico de família, numa situação que afecta a maioria das freguesias. Luís Albuquerque não entende porque é que os médicos não se fixam no concelho quando tem havido uma aposta na melhoria das condições dos serviços de saúde. O desânimo cresce quando nenhum clínico concorreu às duas vagas abertas para o concelho.
O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, alerta para um agravamento da falta de médicos de família no concelho, o que se reflecte em cerca de 10 mil utentes sem profissionais de saúde. O autarca diz que a situação afecta a maioria das freguesias do concelho, num total de mais de 20% da população total do concelho. Em pouco mais de dois meses a lista de pessoas sem médico aumentou em cerca de três mil.
O autarca social-democrata sublinha que a falta de médicos têm sido supridos de vez em quando, sempre de um modo temporário e precário. Luís Albuquerque refere-se a médicos contratados através de empresas, o que, considera, origina instabilidade no estado da prestação dos cuidados de saúde nestes locais. O autarca lamenta que nunca tenha havido uma solução definitiva para estas situações.
“Recentemente, soubemos os resultados do concurso de primeira época dos recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar, onde existiam duas vagas para o concelho de Ourém e que ficaram ambas por preencher, notícia que não ajudará a reverter este estado”, reconhece Luís Albuquerque. O presidente adianta que, resultado do concurso de mobilidade, mais um médico irá sair do concelho brevemente, agudizando mais este cenário.
Segundo Luís Albuquerque, o contacto da Câmara de Ourém com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo tem sido permanente, para inverter esta situação. A autarquia também disponibilizou todas as condições para que mais médicos possam trabalhar no concelho, o maior do Médio Tejo.
O autarca reuniu com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, onde explicou “o panorama do concelho de Ourém, onde há excelentes condições nas instalações e edifícios para a prestação dos cuidados de saúde de proximidade”, mas não há médicos para suprir as carências, pelo que, sublinha, será necessária uma resposta do Governo para esta situação, tão brevemente quanto possível, face ao ponto crítico que actualmente se verifica. O presidente revela que tem recebido queixas de pessoas que se deslocam às extensões de saúde e estão encerradas”, declarou.
Referindo-se a uma campanha do Hospital Distrital de Santarém com o ACES Lezíria do Tejo para sensibilizar a população para a necessidade de apenas recorrer às urgências hospitalares em situações de doença urgente, o autarca destacou que as pessoas vão ao centro de saúde e não há resposta. “Uma das razões que contribui para que médicos se fixem no concelho é a melhoria das instalações de trabalho. Temos vindo a fazer um esforço enorme nessa matéria”, garantiu, exemplificando com a requalificação de três extensões de saúde a que se vai seguir mais duas.