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Lojas em Abrantes onde a educação ambiental é a alma do negócio
Elsa Cristóvão, proprietária da Loja dos Sabores. Susana Santos, dona da loja Aromas e Sabores a Granel, com a funcionária, Maria Caldeira. Joana Borda D’Água, da Drogaria Nova

Lojas em Abrantes onde a educação ambiental é a alma do negócio

Joana Borda D´Água, Elsa Cristóvão e Susana Santos são proprietárias de lojas de comércio local no concelho de Abrantes e têm em comum a preocupação diária com o meio ambiente. O conceito dos seus estabelecimentos visa reduzir a pegada ecológica utilizando produtos maioritariamente reutilizáveis. A O MIRANTE dizem que os clientes estão cada vez mais sensibilizados para o problema sobretudo os mais jovens.

A drogaria que Joana Borda D’Água gere desde 2013 foi fundada pelo avô há oito décadas. Quando tomou as rédeas do negócio colocou como meta tornar a loja mais amiga do ambiente. “Muitos produtos que vendíamos iam contra o que penso ser fundamental para diminuir a pegada ecológica. É impossível ter uma loja totalmente amiga do ambiente, mas tenho tido a preocupação de reduzir ao máximo os produtos embalados em plástico e promover nos clientes a reutilização das embalagens”, explica a empresária, de 35 anos.

Uma das medidas que adoptou na “Drogaria Nova” foi a de apostar maioritariamente em produtos de marcas portuguesas, o que ajuda a reduzir a pegada ecológica por via dos transportes. A comerciante, que vende muitos produtos a granel, também promove nos seus clientes a prática de levarem, por exemplo, o próprio recipiente para encher de detergente. Quando saiu a lei que exige a cobrança de todos os sacos de plástico a empresária já tinha começado a usar bolsas de papel fino, embora soubesse que não era do agrado dos clientes. “Foi uma forma de obrigá-los a trazer os seus sacos de casa”, afirma, com um sorriso no rosto.

Joana Borda D’Água considera que os mais velhos estão mais sensíveis aos hábitos ecológicos e aos produtos livres de químicos, embora ache que as atitudes não devem ser impostas porque há que dar tempo para criar novas mentalidades. “O nosso trabalho é longo porque adaptação e consciencialização leva o seu tempo”, sublinha.

UMA MERCEARIA QUE EVITA O DESPERDÍCIO

Elsa Cristóvão abriu a mercearia “Janela dos Sabores”, situada no centro de Abrantes, em Junho de 2020, logo a seguir ao primeiro confinamento. Natural de Alferrarede, considera que a melhor forma de mudar mentalidades é educar as pessoas para consumirem apenas o necessário para o seu bem-estar. “Não me importo de ir contra o estereótipo do vendedor se estiver a ajudar o mundo e as pessoas. Muitas vezes digo aos meus clientes que não vale a pena levar mais figos porque amanhã trago mais se for necessário. Os produtos são frescos e vêm da minha horta”, garante, acrescentando que raramente estraga alimentos porque quando estão perto de passar da validade reduz o preço e as pessoas aderem.

Para além de vender o que cultiva, Elsa Cristóvão não compra nada que venha do estrangeiro e privilegia os produtos artesanais da região. A reutilização é muitas vezes feita na troca de caixas com os fornecedores e faz sempre uma atenção ao cliente que vai comprar sopa e leva a própria caixa. “Há muita gente que já traz o seu saquinho sobretudo os mais novos porque os mais velhos ainda não estão para aí virados”, lamenta. Na mercearia também se vendem produtos a granel e também são as novas gerações que mais procuram esse tipo de produtos. Sobre os preços mais elevados, Elsa Cristóvão diz que “comprando menos quantidade com melhor qualidade, gasta-se menos e não se estraga facilmente porque as validades rotuladas são mais longas que a maioria dos produtos de supermercado”.

UMA LOJA QUE AJUDA A MUDAR HÁBITOS DE CONSUMO

Susana Santos, 48 anos, natural de Casais de Revelhos, em Abrantes, gere a mercearia “Aromas e Sabores a Granel”, em Alferrarede, desde Outubro de 2019. O conceito da sua loja consiste “no casamento entre o tradicional e o moderno nunca privilegiando um tipo de público em detrimento de outro”. A consciência ambiental está sempre presente na escolha dos produtos biológicos e ecológicos e as sugestões e necessidades dos clientes também são tidas em conta. Todas as caixas são reaproveitadas para quando o cliente não traz saco porque não quer fazer negócio com os sacos de papel.

Os clientes são maioritariamente do concelho de Abrantes, mas também recebe pessoas do concelho de Vila de Rei e de Lisboa. “Como estamos ao lado da Estrada Nacional (EN) 2 temos muita gente de Vila de Rei, pessoas que passam diariamente e cada vez há mais gente de fora a entrar na loja. Temos pessoas de Abrantes que vivem em Lisboa e abastecem-se aqui quando vêm ao fim-de-semana por ser mais barato do que na capital”, salienta.

A empresária, que diz sentir-se orgulhosa por ter uma loja com estas características, garante que o objectivo do negócio não é gerar lucro, mas fazer o que gosta e ajudar os clientes a mudarem os hábitos de consumo. “Tenho responsabilidade, sem ferir susceptibilidades, de transmitir alguma educação ambiental e conhecimento aos meus clientes”, vinca.

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