Dulce Morgado, 54 anos, é uma das comerciantes mais antigas do Mercado do Entroncamento, situado junto à estação ferroviária. Há mais de duas décadas que a sua família tem uma banca de venda de peixe, mas desde que o edifício foi reabilitado, e inaugurado em 2019, que começaram a surgir problemas para descarregar as mercadorias. A Câmara do Entroncamento decidiu fazer do local um espaço de estacionamento público pago, que impede os retalhistas de realizar adequadamente as descargas.

“Antes de colocarem a placa de estacionamento, quando tínhamos o lugar ocupado, chamávamos a PSP (Polícia de Segurança Pública) e os condutores eram multados, mas como agora estão legitimados nós é que sofremos”, lamenta a O MIRANTE a comerciante, que começou a ajudar a mãe na adolescência e há cerca de dois anos pegou nas rédeas do negócio. “À sexta-feira vou buscar peixe e quando chego raramente tenho lugar. Se não fosse o segurança do mercado a guardar-me o lugar com uma grade não conseguia descarregar”, sublinha, acrescentando que na maioria das vezes tem de pedir ajuda ao marido para transportar as caixas.

Dulce Morgado não se conforma com o facto de vendedores e fornecedores terem que estacionar a vários metros do mercado para realizarem o seu trabalho. Por exemplo, o seu fornecedor de bacalhau tem de dar uma volta ao quarteirão a conduzir um carrinho de carga a pé pelas ruas empedradas. “Sou das comerciantes mais inconformadas com esta situação e há mais de um ano expus o problema ao executivo municipal, que me disseram que iam voltar a falar comigo para esclarecer o assunto. Nunca mais me disseram nada”, lamenta.

O MIRANTE falou com Ilda Joaquim, vereadora com o pelouro dos mercado e feiras, que recusou prestar esclarecimentos.