Poeta Ginguinha no cemitério de Samora Correia 100 anos após a sua morte
Restos mortais do fadista e poeta popular António dos Santos, mais conhecido por Ginguinha, foram trasladados para Samora Correia. Populares preparam homenagem e junta edifica mausoléu.
António dos Santos, mais conhecido por Ginguinha, natural de Samora Correia, morreu há cem anos e os seus restos mortais estiveram até agora no cemitério de Vila Franca de Xira tendo sido transladados para o cemitério da sua terra. A transladação foi aprovada pela Câmara de Vila Franca de Xira, responsável pelo cemitério onde o corpo estava sepultado e as ossadas já estão à ordem da Junta de Samora Correia que vai colaborar na edificação de um mausoléu, onde vão ser guardadas.
A intenção de transladar as ossadas do poeta e fadista partiu de alguns populares, entre eles, a poeta popular Piedade Salvador e o investigador António Cardoso, que quiseram cumprir o último desejo do poeta. “Estamos a cumprir o que ele tanto pediu. O seu lugar é em Samora Correia”, sublinha a poeta. A O MIRANTE, António Cardoso adianta que assim que o mausoléu estiver concluído “é intenção fazer uma homenagem ao poeta” através da celebração de uma “missa e de um espectáculo fadista”, que vai depender da evolução da pandemia.
Num poema declamado dias antes da sua morte, a 19 de Agosto de 1921, António dos Santos pedia que com ele atravessassem o rio Tejo e o levassem para Samora Correia, terra onde nasceu em 1865 e onde, sem saber ler ou escrever, improvisou as primeiras quadras, na margem do rio Almançor.
Ginguinha morreu aos 56 anos em Vila Franca de Xira, onde trabalhava para a casa de José Pereira Palha Blanco, o agricultor e ganadeiro que deu nome à praça de toiros da cidade. Após a sua morte outros fadistas perpetuaram a sua memória, nomeadamente Linhares Barbosa, que lhe dedicou um fado ainda hoje cantado por várias vozes.