O clube é uma referência do basquetebol de formação na região e orgulha-se dos 38 títulos conquistados. Os pais são peça-chave para o sucesso do emblema escalabitano que viveu o momento mais dramático da sua história em Julho deste ano com a morte repentina de um dos seus jovens atletas.

O Santarém Basket Clube quer voltar a conquistar títulos e a apostar no basquetebol de formação depois de ver a sua actividade parada ou condicionada devido à pandemia de Covid-19. O clube, que comemorou 23 anos em Agosto, tem cerca de 150 atletas em todos os escalões de formação, desde os sub-6 aos sub-19, em ambos os sexos. Desde 2011 optou por acabar com a equipa de seniores e apostou apenas na formação. Ter uma equipa sénior só é possível com patrocinadores que suportem o projecto.

O tempo em que foram obrigados a parar devido ao confinamento não afectou o número de praticantes. “Os jovens estão desejosos de voltar aos treinos e à competição. Conseguimos manter o mesmo número de atletas e em alguns escalões aumentamos ligeiramente. Estes dois anos parados não foram fáceis para ninguém, muito menos para as crianças e jovens que gostam de se mexer e gostam da adrenalina da competição”, afirma o presidente do Santarém Basket.

José Daniel Oliveira, de 65 anos, está no segundo mandato como presidente do clube, embora faça parte dos órgãos sociais praticamente desde a fundação. Começou por levar o filho aos treinos e a acompanhá-lo aos jogos. Além disso, ajudava nas equipas até que o convidaram para integrar as sucessivas direcções. Hoje acompanha o neto, de 12 anos, e tenta não perder os seus jogos. O dirigente diz que os pais dos atletas são fundamentais para o sucesso do clube. “São os pais que os trazem aos treinos e levam para casa e também os levam aos jogos”, realça.

O clube conta com um total de 38 títulos. Conquistou três Taças de Portugal, dois campeonatos nacionais e três Supertaças. Desses 38 títulos, 34 são de equipas femininas num tempo em que Santarém dava cartas no basquetebol feminino a nível sénior e não só. O Santarém Basket surgiu depois da modalidade ter terminado no União de Santarém. “A equipa feminina era muito boa, assim como os escalões de formação e isso reflecte-se nos bons resultados que temos conseguido obter”, refere, acrescentando que o clube tem um excelente palmarés para uma equipa amadora. “Não há comparação no distrito nesta modalidade. Temos boas equipas que felizmente conseguem alcançar bons resultados. É fruto de muito treino e muita motivação”, garante José Daniel Oliveira.

O dirigente defende que o Santarém Basket tornou-se uma referência no basquetebol a nível distrital. Tem atletas de localidades mais distantes do concelho, como Pernes e Alcanede, mas também de concelhos vizinhos como Almeirim e Cartaxo. Apesar dos bons resultados femininos, José Daniel Oliveira está convicto que as equipas masculinas também vão dar cartas e conquistar títulos.

“O Santarém Basket é uma família”

O elevado número de atletas nesta modalidade deve-se, na opinião do dirigente, ao facto de se praticar basquetebol nas escolas. Além disso, também há captação de jovens pois alguns treinadores são professores nas escolas do concelho. “Os miúdos descobrem o basquetebol, gostam e vêm experimentar. A maioria vem depois de praticar no desporto escolar”, sublinha.

Os antigos jogadores também trazem os seus filhos para praticarem a modalidade e é por isso que José Daniel Oliveira afirma que o Santarém Basket é uma família. “Temos muitos bons exemplos de quem praticou basquetebol e diz que é uma escola para a sua vida profissional e pessoal. Aqui não se aprende só a jogar. Aprende-se também a lidar com a frustração, a ser humilde e responsável. São características fundamentais para se ter sucesso na vida”, acrescenta.

Cada atleta é sócio e paga uma quota mensal de 20 euros. Quem não é jogador paga uma quota anual de 12 euros. O apoio da Câmara de Santarém é fundamental para as contas do clube, que estão equilibradas. É também o município que disponibiliza os pavilhões onde os atletas treinam. Durante a pandemia isentaram os atletas do pagamento de quotas. O clube retomou actividade em Abril deste ano e em Maio participaram numa Liga de Verão para que houvesse alguma competição. O Santarém Basket está preparado para retomar a actividade em força durante este mês de Setembro.

Morte de jovem atleta foi o momento mais difícil da história do clube

O clube viveu no dia 11 de Julho deste ano aquele que considera ter sido um dos mais complicados da sua história: a morte do atleta Henrique Heitor, aos 13 anos. O jovem tinha um historial de problemas de saúde mas nada fazia prever esse trágico desfecho. “Foi muito difícil passar por essa situação. O Henrique era daqueles meninos cheios de vida e alegria, que enchia um pavilhão com a sua presença. Adorava jogar basquetebol e estava sempre feliz. Foi um golpe muito duro para todos e sentimos muito a sua falta”, admite José Daniel Oliveira.