A Associação de Agricultores do Ribatejo vai estar presente na Agroglobal com uma perspectiva de pensar o futuro e mostrar que é possível trabalhar em conjunto com outras entidades para promover o sector e o mundo rural. Numa altura em que as políticas agrícolas estão a deixar os agricultores apreensivos, a associação pretende nesta feira dar um sinal de que é preciso tranquilizar e que é necessário estabilizar as regras e a legislação, que com constantes mudanças deixam esta actividade com muitas incertezas.

A Agroglobal 2021 deve servir para mostrar o caminho de como se pode ultrapassar as dificuldades e de como, em cooperação, se pode melhorar o território. É nesse sentido que a Associação de Agricultores do Ribatejo apostou num ciclo de conversas onde junta os municípios de Santarém e Cartaxo, a Águas de Santarém e a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Iniciativa onde se vai relevar a importância do ordenamento do território, gestão dos recursos hídricos, gestão das águas residuais nos meios rurais, aplicação dos fundos comunitários e impacto no mundo rural e a importância da armazenagem de água no Tejo.

Esta feira ocorre numa altura importante em que estão emergentes as questões das alterações climáticas e a da necessidade de alimentar o mundo em transformação. Mas também num momento de preocupação em relação ao futuro, nomeadamente em relação aos investimentos no mundo rural, que, pelo que se percebe, estão desfasados das necessidades. Os investimentos previstos não condizem com o discurso político porque assistimos ao facto de as verbas serem priorizadas para o meio urbano.

A imagem que se tem tentado passar da agricultura também está a deixar o sector preocupado. Está a ser dada uma ideia de que a agricultura é uma ameaça para a ecologia e a biodiversidade quando isso é errado. Os agricultores cuidam do território, do meio rural, do equilíbrio entre o espaço rural e o urbano. É por isto, também, que a Agroglobal pode dar ideia do que é efectivamente a agricultura.

A região tem todas as condições para o sucesso agrícola, mas é preciso encarar situações como o abandono do território, a água ou a falta dela, as questões dos diques, perspectivando a sustentabilidade. Tem sido a actividade empresarial que tem dado dinâmica ao desenvolvimento agrícola da região como, por exemplo, com a introdução de novas culturas como as amendoeiras, as nogueiras, o olival de regadio. Há um caminho para andar e mostramos que estamos dispostos a fazê-lo numa interacção de proximidade. Mas é preciso que se acabe com a grande confusão que reina nos órgãos dirigentes da agricultura.

A intranquilidade a que se assiste no sector agrícola deriva da falta de linhas orientadoras a nível do Governo e dos organismos do Estado. Há uma grande dispersão de responsabilidades sobre o território e isso significa uma desresponsabilização total.